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sábado, 4 de outubro de 2014

Pretérito Imperfeito da Necessidade


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Houvera o relógio de necessitar da hora,
Quisera a hora o minuto para mais utilidade,
Pelo minuto, o segundo não fora contrariedade,
A paz de dentro não passara sem a imagem de fora,
E não fora a tentação de levar aos humildes a vaidade,
Tão cedo, o reflexo não existira em espelhos de outrora,
Nem o ontem, dia o fora, não fosse lembrado pelo agora;
O desamor sem princípio, decidira-se pela finalidade,
Atrasara-se em sua forma necessária da demora,
      Matara o tempo a criar a demais necessidade!...

Todo o fogo do inferno, o Sol cobiçara,
Com todo o gelo do mundo, o iceberg sonhara,
Com todo o amor da paixão, com toda a paixão, amara,
Todo o ódio, com todo o ódio do ódio, o ódio odiara,
Com todas as lágrimas, todas as lágrimas chorara…
    Mas nada lhe bastara!...
Nada pudera ser igualdade,
Por tudo, a tudo, nada se igualara,
Tão infinita fora a insaciável necessidade,
     Da necessidade insaciável que necessitara!...

 *

  No presente, pelo que a desnecessidade indica,
 Já muito despida de preconceitos, a verdade nua,
Indiferente à necessidade que se perpetua,
Apodrece nessa necessidade que fica,
    Pela necessidade que continua!...
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