quarta-feira, 4 de maio de 2016
domingo, 1 de maio de 2016
Incomparável
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Beijam, diamantes, o ouro do diadema,
Beijam-se as pedras preciosas também,
Nenhuma palavra é de riqueza suprema,
Rica é a palavra que todo o amor contém,
A poesia engrandece-se de tão pequena,
Todos os versos de amor num só poema,
Toda a riqueza numa só palavra… Mãe!...
Poderia comparar-te à mais bela flor,
Queria falar de toda a tua beleza,
Falar de ti é falar de amor,
E toda a pureza,
Que flor alguma tem,
És a mais cândida certeza,
Do amor que sabes dar tão bem,
Nossa indiferença é a tua única dor,
Teu único sofrimento é a nossa frieza,
Somos filhas de quem um filha única tem,
Filhas tão tuas e de mais ninguém,
Proteges-nos com fervor,
Com teu amor de Mãe!...
Mas, somos tão filhos da mãe,
Tão filhos da mãe que não nos criou,
Nossos filhos, de nós, ficam tão aquém,
Criamos nossos filhos que se criam com
desdém,
E os filhos que devíamos ter sido, a
ingratidão nos levou!...
Hoje, sou Mãe,
Fui filha e filha sempre serei,
Sou uma filha do amor, também,
Meu amor que de ti pouco sei!...
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segunda-feira, 25 de abril de 2016
Decência da Memória
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Escravo feliz de minha consciência,
Essa consciência que já fora minha,
Eu a perdera ao perder a decência,
Eu a perdera ao perder a decência,
Paguei com a minha imoral falência,
A quem a sua consciência não tinha,
E me vendeu toda a sua demência!...
Sem esforço, caminho sem vontade,
Nas entranhas de um louco labirinto,
Cada saída é este bloqueio que sinto,
A saída é o retorno à impossibilidade,
E continuo a deambular sem instinto,
Sem
ser encontrado pela liberdade!...
A memória permanece indiferente,
É a nova reminiscência sem passado,
A memória permanece indiferente,
É a nova reminiscência sem passado,
Como um escravo, infeliz condenado,
De sua vazia infelicidade inconsciente,
Prisioneiro que sua prisão não sente,
Sem sua memória de ter sido beijado
E dos lábios que o beijaram, ausente!...
Falam-me de uma mortalha escarlate,
Onde enrolei pétalas de cravos ressequidos,
Dizem que me encontraram entre fumos
perdidos,
Esfumavam-se os olhos lúcidos que
assistiam ao debate,
Segredam-me a loucura silenciosa dos
cravos comprometidos,
E da necessidade da minha memória para o patriótico resgate!...
Ouço um tiro,
A corrida começou,
A memória e um suspiro,
Uma pomba vermelha suspirou,
Há um ar novo que eu respiro,
Livre
de um formatado retiro,
Minha decência voltou!...
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quarta-feira, 20 de abril de 2016
Salutares Bofetadas (A herança dos covardes)
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Prometera um par de salutares bofetadas,
Uma herança de todas as ditaduras vencidas,
Por herdeiros das democracias
conquistadas,
Expressão
livre das liberdades conseguidas!...
Tão dura fora a dureza da dita que perdura,
Tão dura fora a dureza da dita que perdura,
Dura ditadura que do nada dito, tudo ditava,
Ditava a dita, um ruidoso silêncio que ficava,
E nada se dissesse dos homens com bravura!...
Desertores castrados, pelo medo arvorados,
Desertores castrados, pelo medo arvorados,
Homenzinhos que nunca partiram e
voltaram,
Para se arvorarem com os heróis que
ficaram;
São a dita, da dura e velha senhora, herdados,
Herdeiros de doutos juízes e inúteis advogados,
Que os filhos legítimos do povo condenaram!...
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sábado, 16 de abril de 2016
Olhos de Primavera
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Esta chuva que não para de cair,
Dos olhos onde urzes florescem,
São saudades do que está por vir,
Dias que nos olhos amanhecem!...
Caem lágrimas mansas e serenas,
Caem lágrimas mansas e serenas,
Das nuvens que embranquecem,
Foram pombas de brancas penas,
As nuvens que não se esquecem!...
Teus olhos de violeta pranteados,
Espreguiçam-se sobre a verdura,
Agora olhos de sonhos azulados;
Sol e o sorriso, dois raios dourados,
Sol e o sorriso, dois raios dourados,
Suave azul do céu e a tua brancura,
Primavera em teus olhos aliviados!...
Primavera em teus olhos aliviados!...
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terça-feira, 12 de abril de 2016
Culto (O Outro Mundo)
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O flash e os olhos cegos,
Olhar em ruínas terrestres,
A humanidade dos mestres
A humanidade dos mestres
As peças perdidas de legos,
Os artefatos extraterrestres,
Construções e alguns pregos,
Inocência e amoras silvestres!...
A luz que na luz se apaga,
A luz que na luz se apaga,
A penumbra e a cegueira,
Os fanatismos e a asneira,
Silêncio das trevas e a saga,
Silêncio das trevas e a saga,
A consciência sempre vaga,
A mentira sempre ligeira,
Alguma verdade aziaga,
De um mundo inteiro,
A vida pelo dinheiro,
E a morte que afaga!...
A sombra das pirâmides invertidas,
O Sol no olhar das sombras perdidas,
O Sol no olhar das sombras perdidas,
O Sol despido a perder-se na noite nua,
A virgindade perdida, abandonada na rua,
O fulgor das consciências corrompidas,
A sombra da sombra de muitas vidas,
Os uivos selvagens dedicados à lua,
A crueza fria das almas vencidas,
O calor das lágrimas vertidas,
O sabor da verdade crua,
A luz que se perpetua,
Das sombras sentidas!...
O eclipse do olhar,
O apocalipse dos credos religiosos,
Os olhos caídos sobre Deus a chorar,
As lágrimas de Deus a transbordar,
A fúria dos mares tenebrosos,
Os crentes cautelosos,
Deuses a mendigar,
Ricos poderosos,
O poder de salvar,
Nos olhares luminosos,
E a morte que avança devagar,
E a morte que avança devagar,
Lenta, muito lenta, sem se apressar,
Tão lenta se arrasta entre momentos
preciosos,
Enquanto dorme a justiça à sombra dos
vagarosos,
Que, mal a morte deles se aproxima,
apreçam-se a acordar,
Á luz dos seus desejos, despem o mundo e
cobrem-se, lustrosos,
Despidos de toda a humanidade e esperança
de Amar!...
Os olhos de quem de nenhum olhar se
liberta,
O olho de milhares de olhos que tudo
observam,
Olhos nervosos de pirâmides que não se
enervam,
Pedra sobre pedra à volta do coração que
se aperta,
Coração empedernido em agonia na alma
deserta,
De escravos dos que todas as
verdades acervam!...
Lâminas muito frias de irresistível
perfume,
Perfume frio envolto no mais secreto
lume,
Lume fechado em doce gelo muito quente,
O fogo afiado no inferno de cada frio gume,
Ardendo até ao frio coração contundente,
Entre as paredes de fogo até ao cume,
O semear da morte e da semente,
Semear a morte que se assume,
E prolifera-se vivamente,
Sem um queixume,
Do obediente,
O costume!...
Fechamos os olhos desnecessários,
Sem qualquer necessidade de os ter,
Inúteis, esses nossos olhos ordinários,
Que nunca outros olhos quiseram ver!...
Inúteis, esses nossos olhos ordinários,
Que nunca outros olhos quiseram ver!...
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terça-feira, 29 de março de 2016
Hera de uma Era e a Luz
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Arriscando entre a luz em perigo,
Entregou-se à luz ténue da fresta,
Não era a fresta um cómodo abrigo,
Era o caminho que caminhava consigo,
Caminhos entre uma iluminada floresta,
Onde as árvores cresciam em festa,
Natureza de um costume antigo!...
Espreitou a luz que a espreitava,
Trepou com a luz dos seus sonhos,
Entre trevas e pesadelos medonhos,
E o medo que atrás dela desmedrava;
Enfim, a luz e todos os rostos risonhos,
Enfim, a luz e todos os rostos risonhos,
Não se despedira dos rostos tristonhos,
Era tanta a luz que os sonhos
iluminava!...
Uma luz imensa,
Uma luz imensa,
A vida expandida das fontes,
Lembrou-se da fresta, viu pontes,
Abriu suas folhas viçosas à recompensa,
Cresceu rapidamente até novos horizontes,
Até sentir um corte que a deixou
suspensa,
Na luz que dela se ia esvaindo!...
Ainda sentiu suas folhas caindo,
Caía nas trevas ao corte da foice fria,
Caía nas trevas ao corte da foice fria,
Era o sonho que pela fresta se ia,
O fim da única Primavera,
Triste fim de mais uma Era,
A liberdade em agonia,
Era a luz que morria,
Como quem espera,
O que sempre quisera,
À luz livre de cada dia!...
“Todos os pecados são enterrados vivos,
Sepultados sem pecado, para viver in
Natura,
Vivem alimentados pelos mais puros
motivos,
Das flores que crescem em cada sepultura!...”
Das flores que crescem em cada sepultura!...”
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domingo, 28 de fevereiro de 2016
O Douro e o Rabelo
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Há no Douro um feitiço,
Das suas ninfas há um apelo,
Assinou o rio um compromisso,
Seria mágico e mais do que isso,
Exposto seria todo o seu anelo,
Exposto seria todo o seu anelo,
Por suas ninfas, pleno de zelo,
E para sempre submisso,
E para sempre submisso,
Á vontade do Rabelo!...
Navegam os Rabelos,
Navegam os Rabelos,
Com suas ninfas enfeitiçadas,
Mulheres pelo Douro apaixonadas,
Soltam ao Douro seus longos cabelos,
Salvam os Rabelos dos seus desvelos,
Ninfas do Douro por Rabelos beijadas!...
Ninfas do Douro por Rabelos beijadas!...
Lá vai o Rabelo com suas pipas de vinho,
Sempre sorrindo no abraço do Douro,
Sempre solitário mas nunca sozinho!...
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domingo, 31 de janeiro de 2016
Saudade sem existência
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Eram suas as suas saudades,
Saudades que nunca quis ter,
Alimentou-se de frugalidades,
Pratos vazios de necessidades,
Pouco mais desejou para viver,
Só queria ter saudades de ser,
Diferente das suas brevidades,
Saudades suas antes de nascer!...
Morreu a saudade por ninguém,
Da saudade que de saudades viveu,
Saudades da saudade de alguém,
Que
de saudades não morreu!..
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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Eu, a despeito da potestade
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Nada me empurra para trás,
Resisto ao dia seguinte,
E, por conseguinte,
Nada do que será feito me faz,
Tanto faz, a palavra reconstituinte,
Que, por conseguinte, será de paz;
A guerra que ninguém prometeu,
Está prometida,
Por conseguinte, digo eu,
Que eu resisto à verdade escondida,
De tudo que dentro de mim, é meu!...
Nada do que me acusam,
É mentira!...
Tudo que digam a meu respeito,
A despeito do despeito,
É verdade!...
A respeito do respeito pela verdade,
A despeito do despeito da potestade,
A respeito do respeito pela verdade,
A despeito do despeito da potestade,
Por maior que seja o poder do
preconceito,
Jamais fará de mim um verbo de corpo
perfeito…
Nada nem ninguém,
Por mais que tenham respeito por mim,
também!...
Este é o ultimo dia dos dias que hão, de vir,
Este é o ultimo dia dos dias que hão, de vir,
Ninguém se lembra do primeiro choro de
Mãe,
Mas todos choram quando deveriam rir!...
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