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sábado, 28 de janeiro de 2017

Fria Desinspiração




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Voltou a desinspiração,
Acabaram-se a tinta e as cores,
Qual seria a cor de minha emoção?!...
Talvez de um leve vermelho sem dores,
Cor de carbono, puro de diamantes valores,
Gás, talvez, incolor por qualquer razão,
Inodoro e vital, ausente de sabores,
    Essencial à palavra e respiração!...

Voltou a indiferente vontade e o vazio,
Fim de janeiro, mimosas sem florescer,
Á minha volta todos se queixam do frio,
Ai, se conseguisse imaginar um arrepio,
Inspirar um esfregar de mãos e aquecer,
Saber que há, apenas, um Janeiro tardio,
Sentir em minhas veias as cores a correr,
Pintar flores de mimosas e o amanhecer,
   Respirar inspiração de Janeiro colorido!...

Mas, a delicada flor da mimosa,
Neste Janeiro pelo frio fustigado,
É frio poema por mim congelado,
Não é rima de verso nem é prosa,
    Neste tardio poema desinspirado!...
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domingo, 31 de janeiro de 2016

Saudade sem existência


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Eram suas as suas saudades,
Saudades que nunca quis ter,
Alimentou-se de frugalidades,
Pratos vazios de necessidades,
Pouco mais desejou para viver,
Só queria ter saudades de ser,
Diferente das suas brevidades,
    Saudades suas antes de nascer!...

Morreu a saudade por ninguém,
Da saudade que de saudades viveu,
Saudades da saudade de alguém,
   Que de saudades não morreu!..
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Esplim (Melancolia Existencial)








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Talvez sim,
O princípio esteja na existência,
Talvez na primeira impressão da aparência,
Ou na aparente impressão de princípios assim,
E nada exista!...
A fantasia e o olhar a florir entre flores de jardim,
As cores, cada perfume e a sua fantástica essência,
Os regatos de cristal e as fontes incríveis de marfim,
A sorte longínqua e lenta dos elefantes, pesada e ruim,
O vapor das lágrimas transparentes em evidência...
Talvez sim,
    E nada exista...
Tudo gire num bailado harmonioso de inocência,
E um ou outro sublime estado de abstrato esplim,
Talvez a razão do fim do mundo, afinal não exista,
    E só para todos nós e todas as coisas haja um fim!...


Talvez tudo que existe seja irreal,
Talvez a melancólica realidade não resista,
A esta melancolia existencial,
   E nada exista!...

   
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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Sereníssimo Reflexo






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O azul suavíssimo,
A beleza e a suavidade,
Algum movimento levíssimo,
O olhar sereno e toda a serenidade,
Reflexo ondulante do espelho finíssimo,
A inquietude efémera da água e a vaidade,
O suavizar das ondas do rosto e da idade,
A ternura do olhar e o sorriso lindíssimo,
   Melancolia, uma lágrima e a saudade!...

A delicadeza do silêncio em movimento,
Leve sopro delicado e pela brisa enlevado,
Repouso dos cabelos indiferentes ao vento
O sorriso continuado num adocicar lento,
A tentação de um beijo adoçado,
Beijo irreprimível e molhado,
   O aproximar sonolento…

Os olhos abertos como janelas,
Um suspiro leve e o abrir de portas,
Outra lágrima que pinga com mil cautelas,
    E adormece no ondular das águas mortas!...
   
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domingo, 29 de junho de 2014

Entre a Brisa e os Canaviais


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Não faltaram uma e outra cana,
Nem outras canas verdes e fustigadas,
Com que se deitaram no leito de sua cama,
Cobriram-se com uma brisa mundana,
Que serpenteou entre vergastadas,
Das finas canas desconsoladas,
Pela esperança soberana,
    E pela rama cortadas!...

Escondidas sobre a terra e dobradas pela castigada cerviz,
 Ostentada foi a linda rama beijada por brisas inevitáveis,
E cavando o fundo esquecido do desenterro da raiz,
Esmorece alguma árvore profundamente infeliz,
Vendo os umbráticos frutos pouco saudáveis,
 Só existirem em seus delírios inegáveis,
   Desenterrados em cada cicatriz!...

Deitou-se num sussurro de brisa cortante,
Esperou entre a poesia dos seus canaviais,
Talvez viesse a folha que cortasse seus ais,
A brisa trazia desejos da memória distante,
Sentiu as raízes do seu ser por um instante,
E sentiu que sensação assim já era demais;
Demais, era o beijo arrepiante,
Das canas nas brisas matinais,
Transformadas em vendavais,
   E beijos cortados pelo vento!...

Acordaram as canas por um momento,
Por um fresco momento recordaram-se virginais,
   Como canaviais oferecidos à brisa e levados pelo tempo!...
   
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