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No final das vindimas,
Já não corre à solta o riso patusco,
Nem se recorta o gesto das pantominas,
Na sombra da luz das velhas lamparinas,
Que iluminavam as estórias do rebusco,
Combinadas com as tesouras traquinas,
Desafiadas pelo cacho mais robusto!...
Um ancião com estórias infinitas no
olhar,
Falava aos gaiatos que o ficavam a
contemplar,
Atentos às sábias palavras que sempre
trazia consigo,
-Filhos, não esqueçam o que em boa
verdade vos digo,
Nem respiravam, os petizes, para o ouvir
falar,
-É importante haver alguém em quem
confiar,
Para que não haja necessidade de procurar
o respigo,
Que no fim da vindima, os vossos filhos vêm rebuscar!...
Há três bagos escondidos atrás da folha da videira,
Aguardando o filho de quem os ajudou a
esconder,
Há vinhas ocultas cultivadas por
ignorante cegueira,
Abandonadas na sombra vindimada da culpa
solteira,
Amantes de misteriosas sombras que
ficaram a dever,
A Luz solar nas encostas de costas
deitadas na asneira,
Deixando que videiras sem memória
ficassem a arder,
Entre obscuros bardos de cachos parados
de crescer,
Quando as cepas vivas foram queimadas na
fogueira,
Dos cheques inflamáveis que ninguém quis deter!...
Há um provecto a deixar escorrer um
sorriso,
Quando afaga a escola retomada da
necessidade,
Há ainda outro velho sábio com um sentido
preciso,
Protegendo três bagos no olhar de um
gaiato indeciso,
Entre o respigo perdido e o
renascido rebusco na vontade!...
Um moço vivaço com a luz de um candeeiro
reflectido no olhar,
Conta estórias sobre três bagos maduros
de vaidade,
Que muitas famílias ajudaram a sustentar!...
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