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quinta-feira, 8 de março de 2018

Saudade de uma Mulher

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Tão triste é esta minha vida tão vazia,
Já fora muito amarga e desconsolada,
Tão sua mulher, eu mulher me sentia,
Quando todos os santos dias me batia,
Meu marido que tanto me esmurrava,
Tantos pontapés meu homem me dava,
Ser sua mulher era tudo que eu queria,
Era a minha existência ser sua escrava,
Sentir que era só por ele que eu existia,
    E por cada murro com que me marcava!...

Agora, todas as agressões acabaram,
Foi meu homem proibido de me bater,
Muitas mulheres livres me abraçaram,
Vieram olhos limpos que me beijaram;
Meu marido já de mim não quer saber,
Tão vazia de tudo, já não sei que fazer,
Nem sequer me bate, tudo me tiraram,
    Sem maus tratos já não sei como viver!...

Saudade!... Sentir falta da dor no coração,
Sentir na alma o ódio de querer viver,
Saudade do desejo de o ver morrer,
E desse desejo forte, a razão,
    Razão que deixei de ter!...


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sábado, 3 de março de 2018

Lágrimas de Salgueiro ( e a Mimosa)

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Minhas lágrimas sobre mimosas,
Mimosas que nesse dia sorriram,
Sob minhas lágrimas sucumbiram,
Lágrimas envolventes, silenciosas,
Fugidas de meus olhos, perigosas,
O delicado amarelo delas cobriram,
Pelas lágrimas envolvidas, curiosas,
    Mais lágrimas sobre elas sentiram!...

Veio o frio triste e elas congelaram,
Congelaram suas lágrimas primeiro,
Tão verdes as mimosas de Fevereiro,
Tantas mimosas lágrimas dobraram,
Muitas, de tanta tristeza quebraram,
Outras floriram do amor verdadeiro;
À beira do rio, um solitário salgueiro,
A quem até o frio do amor roubaram,
     Sorria ao, da mimosa, sentir o cheiro!...

São frágeis as mimosas deste mundo,
Que ao frio do mundo sobreviveram,
Mimosas floriram do medo profundo,
Lágrimas se perderam num segundo,
    Durante séculos, lágrimas morreram!...

Beijam minhas lágrimas tua frágil cor,
Refloresces sem queixumes nem apelo,
Cobriram-te minhas lágrimas de calor,
  Minhas lágrimas que já foram de gelo,
     Sou velho salgueiro solitário de amor!...


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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Portas, Aldravas e a Chantagem

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Chantagem, diziam os homens duros,
Chantagem, diziam as suas mulheres escravas,
Eram os homens, de suas mulheres, senhores puros,
Eram as suas mulheres, em suas portas, as aldravas,
Mulheres que atrás de suas portas ficavam bravas,
    Homens, as suas portas para imutáveis futuros!...

Não se abrem as portas, por coscuvilhice,
Trancam-se as portas a qualquer aragem,
Por asfixia, morrem elas e eles, de velhice,
São eles, trancas à porta de quem as visse,
Atrás de tristes portas espreita a coragem,
Esconde-se atrás das portas a mensagem,
Escravos, escravizam escravas da sandice,
Prestam as portas, à aldrava, vassalagem,
Fechados atrás de trancas de tanta tolice;
Entre beijos, em viagem,
Entre abraços, passa uma miragem
 Meigas, as aldravas batem à porta,
Fecham-se as portas de cara torta,
 Para se aldrabarem na chantagem,
      Ali as fecham e pouco lhes importa!...

Passa uma mulher com seu homem, despidos,
Sorriem, riem e beijam-se como ninguém,
São pelas portas e aldravas temidos,
Deixam os chantageados divididos,
E as chantagistas também,
 Que, entre portas perdidos,
Escondidos como lhes convém,
Vendam suas janelas com desdém,
     E pela inveja de suas janelas são possuídos!...

Em casa, cada um faz o que deve,
Todos mandam no que é seu dever,
Por amor e respeito tudo lhes é leve,
Abrem suas portas a quem os quer ver;
Sempre despidos,
De suas almas nuas,
Sempre vestidos,
    De Almas suas!...


-Chantagem!...
Diziam os desalmados,
-Chantagem,
   Amam para serem amados!...
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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ansiedade e Vómito

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Nada do que é teu me é novidade,
Nem do que de ti não sabes, nada sei,
É o cúmulo de amargos onde já cheguei,
Nada sobre os prazeres da tua ansiedade,
   É prazer amargo sobre o qual não passei!...

O grão seco de arroz, amargo e intragável,
A carne apodrecida lentamente mastigada,
Nojento este sabor de ansiedade lastimável,
O arrependimento insensato e incontestável,
   Lástima azeda desta maldita fome vomitada…

E o vómito em revolta,
O enjoativo desconforto,
No maldito vómito absorto,
A maldita reviravolta que volta,
Esse quase desejo de estar morto,
   E o desejo de matar a ânsia que se solta…

O soltar dos enigmas e das lágrimas com fartura,
Essas amargas lágrimas que se abraçam com amargura,
E se rendem à estranha maldição da aparente própria culpa,
Como se, perdidamente, renascessem beijos de desculpa,
  Beijo que não se evapora na esperança de ternura!...

Sobre teu coração carregas as culpas do mundo,
Tu que és puro coração sem o mundo saber,
Deixas que te bata esse erro tão profundo,
  De não saberes que é um erro rotundo,
  Confundir uma fêmea vazia do seu ser,
       Com uma Mulher de amor fecundo!...

Nem uma das tuas lágrimas caídas,
Caíram na tristeza que me abraça o coração,
Me entristece, por minhas certezas, em tuas certezas perdidas,
Tão tristes são as tuas tristes lágrimas sobre tuas feridas,
Mas… acredita que há sempre uma razão,
Para as dores da puta da desilusão,
Quando as virgens são fingidas,
     E serem putas é sua condição!...

Nada do mundo, me é novidade,
Nada do que me é, me deixa indiferente,
É tão igual à prostituída falsidade,
Da prostituição por caridade,
Tão inata ao consciente,
De fazer falsa amizade,
E um amor ausente,
 Nesta sociedade,
      Muito doente!...
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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

"Inconsolada", A Mulher de um Político

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São tuas preocupações,
Que, estampadas em meu rosto,
Entristecem em meus olhos o sol-posto,
És feliz em tuas longínquas funções,
E tão longe estão nossos corações,
E tão perto, este meu desgosto,
    Minhas secretas desilusões!...

Tão amante do teu sucesso,
Talvez tenhas tudo que querias ter,
São minhas noites claras, o amanhecer,
Com minhas negras olheiras te peço,
E deste meu despertar te confesso,
Quando regressares para me ver,
Também me podes foder,
    Antes do congresso!...

Poupo-te ao favor,
Do que não me sabes dar,
Escolheste outra família amar,
Sem olheiras, olhar de outra cor,
Pinto essas cores por cima da dor,
Para que o mundo possa acreditar,
Nessa tua vontade de me desejar,
Desejo público de fazer amor,
    Antes do comício acabar!...

Procuro em minha solidão,
O pai dos nossos filhos esquecidos,
Procuro votos, quero ganhar a eleição,
Sei que sou candidata à consignação,
E nossa família um pequeno Partido,
Onde nosso amor foi substituído,
Pela imagem sem coração,
Esse teu desejo perdido,
     Minha resignação!...
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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Frio Calor do Amor Tardio

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Quando o frio te procura e te aquece,
Talvez já nada soubesses sobre o calor,
Atravessa-te um arrepio e desaparece,
Temes que seja um calor que arrefece,
Beijo insensível duma sensação de dor,
Um beijo que te gelou e por ti regresse,
    Volte como fogo para gelar-te de amor!...

Este frio de outono que te acaricia,
Talvez seja lume, um sinal de vida,
Uma quente emoção esquecida,
O amor de quem já não sabia,
   Da paixão em gelo derretida!...

Esse frio,
Amor prematuro,
De algum calor vazio,
Aparente, egoísta e vadio,
Esse sol de verão imaturo;
Este Outono, gentil e bravio,
Talvez nostálgico e inseguro,
Folha caída, talvez sombrio,
Seja Luz, calor e futuro,
  Esse amor tardio!...

Quando o frio começa a perder-se por ti,
Manifesta-se numa lufada faustosa e feliz,
Baila entre belas árvores despidas e sorri,
   Vês o bailado de folhas que voam e sorris!...
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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Flor de (res)Peito Exposto

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Todas as flores são bem-vindas,
Ao coração onde flores florescem,
Todas as cores dos olhos são lindas,
Se na cor dos olhos elas acontecem;
Mas, vão os olhos esquecendo sua cor,
Vão-se da memória vivas cores do amor,
E é nos jardins que as flores adoecem,
Ao verem nos olhos pétalas de dor,
   Que olhos sem cor esquecem!...

Levam flores brancas no peito,
Do coração nas mãos emana toda a cor,
Elevam-se até ao alto com alegre respeito,
Lá, no Altar, desaparece o medo da dor;
São flores a todas as cores fiéis,
Degraus, seiscentos e dezasseis,
Um a um, acariciados pelo crer merecedor,
Há fontes, e pura arte de incalculável valor,
Gigantes, uma estrela entre reis,
Ateus e crentes em todas as leis,
Há água fresca, sereias e fresca luz interior,
Há árvores e flores de Fé postas ao dispor,
Há a esperança no fim de pecados cruéis,
   Há um coração de luz cheio de amor!...

Há o coração de todo um povo satisfeito,
Feliz por ser amado pelo amor tão perfeito,
Florido no humilde coração tão acolhedor,
Esse carinhoso coração de Mãe, eleito,
    Pela reflorescente paixão do Criador!...

Todas as flores têm um lindo rosto,
Há em cada rosto, flores de apego,
Há um respeito mais puro exposto,
    No peito da linda flor de Lamego!...



Todas as flores são bem-vindas,
Ao coração onde a mais bela flor floresce, 
 Esse jardim que todas as flores faz lindas!...
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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Amanhecer conTigo... a Prece

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Hoje sinto-me feliz aqui,
À espera que assim continue,
Espero-Te, sempre imerso em Ti,
Emergindo da tua luz que sempre vi,
Ainda que à escuridão me habitue,
     Pela renúncia que nunca pedi!...

E não Te peço,
O que não sei como Te dar,
Na incerteza do que Te ofereço,
Sem saber se teu amor mereço,
     Como merece quem sabe amar!...

Talvez eu não saiba se mereço,
Teu amor que não sei merecer,
Tão incerto disto que pareço,
Nesta angústia de parecer,
Ser incapaz de reconhecer,
  Que em Ti me reconheço;
Por cada dia que amanhece,
Quando em Ti não sei amanhecer,
Nosso coração amanhecido entristece,
Desiste o dia triste e logo anoitece,
Põe-se nossa luz ao entristecer,
Ajoelhamo-nos ao anoitecer,
Ilumina-nos nossa prece,
    Luz que volta a renascer!...

Se mereço, não sei,
Amanheço por tua bondade,
Pouco mais sou do que Te dei,
Ser, agora, o nada do que serei,
   Ser digno da Tua doce piedade!...

Ai, este amanhecer de primavera,
Hoje sinto-me tão feliz aqui,
Sou feliz à Tua espera,
 Feliz ao pé de Ti!...
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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Gelo do Fogo Posto

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É tão fácil culpar as chamas,
Pelo fogo que te vai consumindo,
É tão fácil ser livro feito de lindas flamas,
Livro que vai ardendo nesse fogo que amas,
Sem frases que, ardendo, fossem luzindo,
Por cada página que te vai consumindo,
    Ao abrigo do fogo que tanto clamas!...

É tanto o calor,
É insuportável o frio sem rosto,
São tão tristes as cinzas frias do amor,
  São tantos os corações vítimas de fogo posto!...
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sexta-feira, 17 de março de 2017

Caminho do renascer (28)

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Cada um é para o que nasce,
  Eu nasci para ser este que sou,
Não sei se virei por onde vou,
  Se por um caminho eu ficasse,
 Antes de partir já eu chegasse,
     Longe do caminho onde estou!...

Se o caminho tivesse nascido,
 Talvez, só depois de eu nascer,
O meu caminho tivesse de ser,
E antes de caminho o ter sido,
Talvez pudesse eu ter podido,
     Ser meu caminho sem o saber!...

  Caminhas sobre mim ao passar,
  Paras, serena, em cada cantinho,
  Talvez, contigo, eu passe sozinho,
  Só, que nunca só, por só te amar,
        Tudo em ti, percorro com carinho!...

Caminho sobre ti, devagarinho,
 Eu sei a razão do meu caminhar,
Leve, me enlevo e te levo a voar,
Sobrevoamos o nosso caminho,
    Vemo-nos renascer para voltar!...

E se sentimos que tudo temos,
 E somos o que somos por o ser,
E somos para o que nascemos,
     Deste Amor sempre a renascer!...
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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Loucura da Morte Gravitacional

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Pela madrugada, logo a seguir ao almoço,
Levava consigo as pintas da cadelita que deixara na cama,
Gravitavam essas pintas até à boca dourada do velho poço,
Boca de um laço dourada onde se enlaçara, era ainda moço,
Profundo e cheio de céu com as cores da natureza humana,
Essa doce loucura que é amor e o amor de terna porcelana,
Onde pode ser servida a relatividade de um beijo insosso,
E a quebra prometida e jurada desde a carne até ao osso;
Uma brisa salgada acariciava a fina ideia de um pijama,
   Tão fina como a marca que lhe tatuara o pescoço,
E o momento nu em suspensão,
Na mesma madrugada que todos os dias se diluía,
O mar de sangue em ondulação,
Emquanto se afogava a emoção,
Todas as madrugadas e todo o amor se extinguia,
Pela madrugada, logo a seguir ao almoço, triste e fria,
Fibras de cánhamo, talvez refeição,
A corda e o laço apertado da rejeição,
De toda a luz do universo à mais ínfima luz sombria,
O último olhar da cadelita, em vão,
E cada pinta sua que à sua volta se desvanecia,
E por cada pinta, cada pinta permanecia,
No alinhamento do fim da sua ilusão,
As pintas, a memória vazia,
O vazio morto do coração,
Todo o amor que se ia,
E amorte da razão,
Ainda nesse dia,
    De contrição!...

Pela madrugada, logo a seguir à traição,
A pequena cadelita e os seus latidos,
Com suas pintas e seus gemidos,
E os gemidos de outra paixão,
Loucamente perdidos,
Fim louco da relação,
Últimos momentos vividos,
O sangue e a corda em sua mão,
  Pela loucura da morte unidos!...
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