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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ansiedade e Vómito

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Nada do que é teu me é novidade,
Nem do que de ti não sabes, nada sei,
É o cúmulo de amargos onde já cheguei,
Nada sobre os prazeres da tua ansiedade,
   É prazer amargo sobre o qual não passei!...

O grão seco de arroz, amargo e intragável,
A carne apodrecida lentamente mastigada,
Nojento este sabor de ansiedade lastimável,
O arrependimento insensato e incontestável,
   Lástima azeda desta maldita fome vomitada…

E o vómito em revolta,
O enjoativo desconforto,
No maldito vómito absorto,
A maldita reviravolta que volta,
Esse quase desejo de estar morto,
   E o desejo de matar a ânsia que se solta…

O soltar dos enigmas e das lágrimas com fartura,
Essas amargas lágrimas que se abraçam com amargura,
E se rendem à estranha maldição da aparente própria culpa,
Como se, perdidamente, renascessem beijos de desculpa,
  Beijo que não se evapora na esperança de ternura!...

Sobre teu coração carregas as culpas do mundo,
Tu que és puro coração sem o mundo saber,
Deixas que te bata esse erro tão profundo,
  De não saberes que é um erro rotundo,
  Confundir uma fêmea vazia do seu ser,
       Com uma Mulher de amor fecundo!...

Nem uma das tuas lágrimas caídas,
Caíram na tristeza que me abraça o coração,
Me entristece, por minhas certezas, em tuas certezas perdidas,
Tão tristes são as tuas tristes lágrimas sobre tuas feridas,
Mas… acredita que há sempre uma razão,
Para as dores da puta da desilusão,
Quando as virgens são fingidas,
     E serem putas é sua condição!...

Nada do mundo, me é novidade,
Nada do que me é, me deixa indiferente,
É tão igual à prostituída falsidade,
Da prostituição por caridade,
Tão inata ao consciente,
De fazer falsa amizade,
E um amor ausente,
 Nesta sociedade,
      Muito doente!...
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sexo Causal...

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Escondemos-te o que sabes desta mágoa,
Do teu amor tão distante que nos magoa,
Procuramos-nos em tua moral de pessoa,
E é um rio que vemos, triste e sem água,
   Leito árido por onde teu Amor se escoa!...

Do sadio Amor dos que te amam te dão,
É Amor nascido ainda antes de nasceres,
Dado à luz, foste a luz dos amanheceres,
Amanhecemos contigo em nosso coração,
     Anoitecemos tristes se triste anoiteceres!...

Como é imensa a tristeza da saudade,
É mais triste quando estás mais perto,
Tão longe te vislumbramos amizade,
Procuramos-te de coração aberto,
E o que encontramos mais certo,
     É uma triste realidade!...

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Tão cego o nexo causal,
Das circunstâncias até ao efeito,
Tão sexo é o hábito do sexo casual,
Do acontecer até ao defeito,
Já friamente contrafeito,
Na podridão social!...
    
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terça-feira, 2 de abril de 2013

Contas

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Não contava encontrar,
O velho contador;
Em tempos,
Contava estórias de encantar,
Contas de rico teor,
Sobre contas de rico senhor,
     Contas que dele sabia contar!...

-Olá, amigo contador,
Que contas,
Amigo sonhador?...
Que contas,
Sobre tuas ideias tontas,
    Com que foste sonhando?...

Com uma triste desilusão,
Baixou a cabeça e acenou que não,
Há anos que deixara de sonhar,
 E foi contando:
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 -Conto que já nada tenho para contar,
Já não conto os anos que passam,
Não conto os que estão por passar,
Faço de conta que conto,
E conto que conto,
E volto a contar,
Conto as horas que deixei de contar,
     Conto que parei de sonhar;
Já ninguém me tem em conta,
Dão-me um desconto,
E volto a contar,
Só não conto,
Nem desconto,
As contas que ficaram por pagar!...
E conto mais:
Conto que olho,
E volto a olhar,
Conto que vejo um pote,
Cheio do frio que ficou,
Sobre cinzas que a fome não levou,
E volto a contar,
Conto que raspo-lhe o fundo,
Todo raspado pelos donos do mundo,
E volto a raspar,
Conto que conto e volto a contar,
Conto que os olhos de um filhote,
Raspados no fundo do pote,
Me contam ser olhos de fome,
E volto a contar  a tristeza no olhar,
De quem já nada come,
Conto que vejo olhos que choram,
 E voltam a chorar,
Conto que já pouco conto,
E nada mais quero contar,
E conto que conto,
  E volto a contar!...
Conto com quem não me conta,
Que ainda conta comigo para contar,
Conto com quem não me paga a conta,
Essa conta que não conta,
Para as contas que não posso pagar,
 E continuo a contar,
Conto que conto,
Que não ter que contar,
   É um conto que me vai matar!...

E conto e volto a contar,
Conto que não contem comigo,
Porque nem comigo eu conto,
   Para as minhas contas pagar!...

E conto que conto,
  E volto a contar…
 .
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