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Pela madrugada, logo a seguir ao almoço,
Levava consigo as pintas da cadelita que
deixara na cama,
Gravitavam essas pintas até à boca
dourada do velho poço,
Boca de um laço dourada onde se enlaçara,
era ainda moço,
Profundo e cheio de céu com as cores da
natureza humana,
Essa doce loucura que é amor e o amor de
terna porcelana,
Onde pode ser servida a relatividade de
um beijo insosso,
E a quebra prometida e jurada desde a carne até ao osso;
E a quebra prometida e jurada desde a carne até ao osso;
Uma brisa salgada acariciava a fina ideia
de um pijama,
Tão
fina como a marca que lhe tatuara o pescoço,
E o momento nu em suspensão,
Na mesma madrugada que todos os dias se
diluía,
O mar de sangue em ondulação,
Emquanto se afogava a emoção,
Todas as madrugadas e todo o amor se
extinguia,
Pela madrugada, logo a seguir ao almoço, triste
e fria,
Fibras de cánhamo, talvez refeição,
A corda e o laço apertado da rejeição,
De toda a luz do universo à mais ínfima
luz sombria,
O último olhar da cadelita, em vão,
E cada pinta sua que à sua volta se
desvanecia,
E por cada pinta, cada pinta permanecia,
No alinhamento do fim da sua ilusão,
As pintas, a memória vazia,
O vazio morto do coração,
Todo o amor que se ia,
E amorte da razão,
Ainda nesse dia,
De contrição!...
Pela madrugada, logo a seguir à traição,
A pequena cadelita e os seus latidos,
Com suas pintas e seus gemidos,
E os gemidos de outra paixão,
Loucamente perdidos,
Fim louco da relação,
Últimos momentos vividos,
O sangue e a corda em sua mão,
Pela loucura da morte unidos!...
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