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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pressentimentos Revisitados (Literal e dito)


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Este não vai ser o ano dos indiferentes,
Não será o ano dos papas ou dos presidentes,
Não é ano para os pobres coitados,
Para lamúrias dos indigentes,
Nem para os coitadinhos,
Dignos do dó literal e dito!...
Os velhos não ficarão sozinhos,
Filhos não serão abandonados,
Não é um ano para maus vizinhos,
Nem para os fígados de maus vinhos,
Para jovens emigrantes angustiados,
Ou para as saudades dos apegados,
Do apego aos ternos ninhos,
    Dignos de dó literal e dito!...
Não será o ano dos inconscientes,
Dos pensadores nem dos inteligentes,
Muito menos será ano dos desconfiados,
Ou da confiança nos mais exaltados,
Não será ano dado a obedientes,
E muito menos aos curvados,
À experiência dos oferecidos,
E aos tapetes espezinhados,
    Não será ano para esquecidos,
   Dos preguiçosos e adormecidos,
Não haverá lugar para os lembrados,
Será um ano, de lembranças muito restrito,
Não será ano do santo da casa nem do proscrito,
Nem este será dos milagrosos anos mais desejados,
   Será o ano de todos os pressentimentos revisitados,
      Dignos de dó literal e dito!...

  Ou não!…
Pode ser o ano de todos os anos,
De todos, ou apenas mais um,
A prova de todos os Humanos,
Para se redimirem dos enganos,
   Reerguendo-se na verdade comum!...
Mas nisto do homem e da Humanidade,
Por muito consensual que seja a verdade,
Pode ser mais um ano sem consenso algum,
   Continuando sem divergir da triste realidade!...

Ou então…
Juntemos a coragem ao grito,
    E lutemos pelos dignos de dó literal e dito!...
   
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sábado, 21 de dezembro de 2013

Natividade Perseguida


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Ainda o Amor não nasceu,
Cada vez mais o perseguem,
Como se o estivessem a seguir,
Seguem-no com paciência de santo,
Decidem deixá-lo viver, por enquanto,
E, na perseguida esperança de o ver cair,
Deixam que braços imperiais o peguem,
     Braços de guerra onde o Amor morreu!...

As palavras oferecem esperança vã,
No vão da escada que sobe até ao céu da Fé,
Sob o peso do ouro que se faz num pesado talismã,
Desce a riqueza, à procura de mais riqueza no amanhã,
Da sobrançaria da montanha, a vertigem não deixa ver o sopé,
      Uma criança é salva para salvar o Homem e, por ele, morrerá, até!...

E lá vamos tropeçando na perseguição incessante da fútil prenda,
Queremos o ouro e o acesso à escada que ao céu, na terra, nos leve,
Não é em vão que vivemos nesse vão, sob as escadas sem emenda,
  Vãs, sãoas nossas dívidas à dúvida mais certa que nada nos deve!...
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domingo, 15 de dezembro de 2013

Como a Tantos Pobres...

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Como em tantas outras formas de desprezar,
Não desprezando os filhos da pobreza do costume,
Familiares e amigos continuam a dar um ar do seu perfume,
Oferecendo as mais ricas desculpas para o pobre cheirar,
Ninguém lhe dá laços de lágrimas para o ver chorar,
      Nas lágrimas não há uma réstia de queixume!...

Como em tantas vezes que Jesus Nasceu,
Estrelas brilhantes têm um brilho providencial,
Lembro-me de ver uma luz que nos olhos pereceu,
Olhos afogados na sombra que a luz já esqueceu,
Uma centelha dá por momentos um forte sinal,
Um lindo sorriso estende-lhe a mão macia,
Deseja-lhe com carinho um feliz Natal;
Mais um pobre de esperança vazia,
Que nos sorriso dos outros se esbateu,
Lembro-me da inconsciência que se reacendeu,
Naquele distante encontro em desencontro total,
Uma lágrima incapaz de conter-se, apareceu,
E toda a igualdade se tornou desigual,
Igual a mais um diferente dia,
Muita tristeza recorda o sorriso que fugia,
Com a hipocrisia e avareza, e tão tal quanto qual,
Ainda dizem os ombros encolhidos do pobre que dizia:
-Bem haja, não faz mal!...

Como a tantos pobres que todos deveríamos ser,
Faltam muitas palavras, o pão, o calor e o saber Amar,
Em nossos olhos não falta esse egoísta desejo de tudo ter,
Há uma Luz humilde que nasce para nos fazer ver,
    E apenas olhamos o brilho que nos faz cegar!...

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cancro


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Meu cancro e eu,
Inseparável inimigo,
Em mim e só meu,
  Aconteceu!...
Sempre comigo,
Leva-me consigo,
Sou alimento que é seu,
Sou seu abrigo,
Alento que arrefeceu,
Quase jazigo,
Quase morreu,
   Meu cancro amigo!...

Quase morri,
Quase vivi,
Medo de viver,
Vida que não vi,
Medo de morrer,
Inesperado castigo,
Medo de ver,
Descuido sentido,
Fizeste a vida crescer,
    Meu cancro amigo!...

Vive cem anos em mim,
Teu escravo eu serei,
Serei teu bondoso rei,
Para que não sejas ruim,
E contigo viverei,
   Nossa vida sem fim!...

Um cancro achou-se indigno,
Não merecia alimentar-se da maldade,
Sabia ser um destino demasiado benigno,
Para corações tão ausentes de bondade,
Sua força crescia na doente verdade,
     Morreu triste o cancro maligno!... 
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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ai Aguenta, aguenta...

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Impiedosamente curvado,
Sob as borboletas desiguais,
Ai, aguenta, aguenta…
As asas em abatimento calado,
Estilhaçadas pelas canduras fatais,
Dos fragmentos sedutores por sinais,
Pousando de futuro em futuro dourado,
Que, agora, lhe revolve o ânimo estilhaçado,
   O bater diferente das asas de borboletas iguais;
Por cada bater das asas que o eleva e sustenta,
Cai em si e tanto pesa que quase se rebenta,
E vêm-lhe aqueles esmagamentos mortais,
De quem não aguenta,
Ai não aguenta, não aguenta,
Pese embora a fantasia da igualdade,
É esmagador o pesadume da realidade,
Intenso o ardor esvoaçante que o alimenta,
E o estômago que ainda arde em humildade,
Descobre-se então de um forte bater novo,
Que renasce dessa tenebrosa tormenta,
Nas asas indestrutíveis de um povo,
Que quase tudo aguenta,
Ai aguenta, aguenta!...

As borboletas tomaram um atalho,
No estômago insurge-se uma gástrica canseira,
Da inconstância da dúvida renasce a certeza sobranceira,
   Vende-se inteiro à alma e ás borboletas, a retalho,
Quanto ao resto que de si se lamenta,
 Senta-se no que de si sobra e se tenta,
Engole as cores aguentadas de sua bandeira,
E ai que aguenta, aguenta…
Já fora pólen de flor e orgulhoso carvalho,
Ai, as borboletas que o pensamento aguenta,
     Sentindo o voo sem descanso nem trabalho!...
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Lágrima!...

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Perto do sol que arrefecia,
Esgueirando-se do pôr do olhar,
Pelo desencanto dos olhos escorria,
Uma pequena lágrima que de tanto cintilar,
Teimava em fazer olhos apagados brilhar,
Escondidos na noite triste que sentia,
Algum amor que neles se erguia,
      Longe do desejo de amar!...
E ali ficava um corpo a arrefecer,
Gelando a esperança nas veias entristecidas,
Esvaziado de sua longínqua vontade de desejar,
Sem a vontade de encher-se com o desejo de viver,
Ali nos braços das más recordações consentidas,
Ao abandono das horas felizes esquecidas,
    Que amor algum deixaria esquecer!...
E ali se punha o sol sem aquecer,
Lançando raios de uma sedução cintilante,
Sobre a pequena lágrima em deslize periclitante,
Já muito perto de cílios vencidos pela indiferença;
E o raio dos raios sedutores,
Sementes de tão ofuscada descrença,
Na certeza de terem desferido a derradeira sentença,
Afastaram-se em suas vestes de sombra triunfante,
Alheios à sombra da mais silenciosa das dores,
E do grito sem destino engolido à nascença,
Para ser grito de gritos libertadores,
      Mas sempre tristes!...
E ali ficaram os olhos caídos,
Entregues à Vida de uma lágrima resistente,
Tão lágrima de uma vida desistente,
Ingénua de puros sentidos,
E do sentimento doente,
   Que não chora pelos vencidos!...
     E venceu!!!...
Quando se deixou cair,
Nos lábios já do beijo esquecidos,
Foi beijada por desejos sequiosos,
E outros desejos a reluzir,
Reanimados e luminosos,
Um novo olhar posto no porvir,
que graças à graça de intenso sentir,
   Por uma pequena lágrima foram renascidos!...



Peço a Deus,
Que perdoe pecados meus,
Que te seja lágrima de olhos em mim,
Perdão me concedido aos olhos teus,
 E que para sempre nos olhe assim,
Com a Esperança até ao fim,
    No perdão em olhos Seus!...
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