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Impiedosamente curvado,
Sob as borboletas desiguais,
Ai, aguenta, aguenta…
As asas em abatimento calado,
Estilhaçadas pelas canduras fatais,
Dos fragmentos sedutores por sinais,
Pousando de futuro em futuro dourado,
Que, agora, lhe revolve o ânimo
estilhaçado,
O bater diferente das asas de borboletas iguais;
Por cada bater das asas que o eleva e
sustenta,
Cai em si e tanto pesa que quase se rebenta,
E vêm-lhe aqueles esmagamentos mortais,
De quem não aguenta,
Ai não aguenta, não aguenta,
Pese embora a fantasia da igualdade,
É esmagador o pesadume da realidade,
Intenso o ardor esvoaçante que o alimenta,
E o estômago que ainda arde em humildade,
Descobre-se então de um forte bater novo,
Que renasce dessa tenebrosa tormenta,
Nas asas indestrutíveis de um povo,
Que quase tudo aguenta,
Ai aguenta, aguenta!...
As borboletas tomaram um atalho,
No estômago insurge-se uma gástrica
canseira,
Da inconstância da dúvida renasce a
certeza sobranceira,
Vende-se
inteiro à alma e ás borboletas, a retalho,
Quanto ao resto que de si se lamenta,
Senta-se
no que de si sobra e se tenta,
Engole as cores aguentadas de sua
bandeira,
E ai que aguenta, aguenta…
Já fora pólen de flor e orgulhoso carvalho,
Ai, as borboletas que o pensamento aguenta,
Sentindo o voo sem descanso nem trabalho!...
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