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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sumiço dos Afetos

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Quantos inimigos da verdade,
Tantos inimigos que a mentira vai unindo,
Unidos na construção do mundo que vão destruindo,
Juntos na intriga, dividem a natureza da verdadeira amizade,
Intrigante o sumiço do afeto que parece não ter deixado saudade,
Toma-se chá de sumiço com o açúcar que nos está mentindo,
     E restamos-nos amargos amigos da desigual igualdade!...

Para que o melhor do mundo seja só dos farsolas,
Há redil mais eficaz do que o anestesiante prazer do deleite,
Pela satisfação de esquecer o passado por um futuro de esmolas,
       Quando a esmola são palavras de água que virão ao de cima no azeite?!...
Desdenham as beatas por tal disparate não ser reacção que se aceite,
     E têm razão, as velhas liberdades enclausuradas em gaiolas!...

Já não as atinge o afeto involuntário do orgasmo,
Atingidos que foram os afetos cada vez mais afectados,
Amigas de si mesmas, deram-se ao sumiço do entusiasmo,
Divindades sarcásticas, ajoelham-se ante o olhar do sarcasmo,
São-se amigas sem nada, entre inimigos deleitados!... 
  
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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cancro


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Meu cancro e eu,
Inseparável inimigo,
Em mim e só meu,
  Aconteceu!...
Sempre comigo,
Leva-me consigo,
Sou alimento que é seu,
Sou seu abrigo,
Alento que arrefeceu,
Quase jazigo,
Quase morreu,
   Meu cancro amigo!...

Quase morri,
Quase vivi,
Medo de viver,
Vida que não vi,
Medo de morrer,
Inesperado castigo,
Medo de ver,
Descuido sentido,
Fizeste a vida crescer,
    Meu cancro amigo!...

Vive cem anos em mim,
Teu escravo eu serei,
Serei teu bondoso rei,
Para que não sejas ruim,
E contigo viverei,
   Nossa vida sem fim!...

Um cancro achou-se indigno,
Não merecia alimentar-se da maldade,
Sabia ser um destino demasiado benigno,
Para corações tão ausentes de bondade,
Sua força crescia na doente verdade,
     Morreu triste o cancro maligno!... 
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