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Como em tantas outras formas de
desprezar,
Não desprezando os filhos da pobreza do
costume,
Familiares e amigos continuam a dar um ar
do seu perfume,
Oferecendo as mais ricas desculpas para o
pobre cheirar,
Ninguém lhe dá laços de lágrimas para o
ver chorar,
Nas lágrimas não há uma réstia de queixume!...
Como em tantas vezes que Jesus Nasceu,
Estrelas brilhantes têm um brilho
providencial,
Lembro-me de ver uma luz que nos olhos pereceu,
Olhos afogados na sombra que a luz já
esqueceu,
Uma centelha dá por momentos um forte
sinal,
Um lindo sorriso estende-lhe a mão macia,
Deseja-lhe com carinho um feliz Natal;
Mais um pobre de esperança vazia,
Que nos sorriso dos outros se esbateu,
Lembro-me da inconsciência que se
reacendeu,
Naquele distante encontro em desencontro total,
Uma lágrima incapaz de conter-se, apareceu,
E toda a igualdade se tornou desigual,
Igual a mais um diferente dia,
Muita tristeza recorda o sorriso que fugia,
Com a hipocrisia e avareza, e tão tal quanto qual,
Ainda dizem os ombros encolhidos do pobre que dizia:
-Bem haja, não faz mal!...
Como a tantos pobres que todos deveríamos
ser,
Faltam muitas palavras, o pão, o calor e o saber Amar,
Em nossos olhos não falta esse egoísta desejo de
tudo ter,
Há uma Luz humilde que nasce para nos fazer ver,
E apenas olhamos o brilho que nos faz cegar!...
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Na verdade há luz que cega
ResponderEliminarAbraço
Num tempo onde se sobressai a inversão de valores, marcada pela festa mais comercial que cristã, e tudo que demanda a fuga do Natal ao seu único e verdadeiro sentido, o Poema “Como a Tantos Pobres...”, contrário aos obstáculos da sensibilidade e à figura, pejorativa ou não, de um ideal natalício, se faz presente para intervir numa época, como luz à imensa escuridão em que nos encontramos. E d’Alma atravessa todo esse trajeto poético absorvendo-o e extraindo o que há de melhor – a poesia como motivação – desprezando todos os excessos que não possuem valor artístico.
ResponderEliminarConsiderando que, qualquer e toda a reação à poesia é válida, na medida em que se instaura uma reflexão sobre temas como ‘sombra, inconsciência e desigualdade social’, há no compromisso poético estabelecer uma relação entre época e atualidade, e não pela circunstância atual, ou pela dificuldade econômica, mas pela sensível diferença em chamar atenção à indiferença.
E depois, a poesia d’Alma, essa ‘coisa’ que às vezes não se explica, ou não se comenta, ou porque sentir transcende qualquer explicação ou porque ao encanto iluminado não há escuridão que prevaleça, existe! E só existe para que se faça a luz, que não cega, mas enquanto centelha de uma razão que evidencia a emoção, de tudo que representa, ou deve representar, o nascimento de Jesus Cristo à humanidade.
Boa semana.