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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

ABC-Insoletrável



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Triste!...
Em vez do ABC,
Este inteligente PC,
Que tudo sabe por mim,
Palavra triste do meu fim,
Insoletrável para quem a lê!...
 Triste...
Eu ser usado para escrever,
Vazio de gramática e sem caligrafia,
Feliz analfabeto a quem dizem o que ler,
Bem escrevendo palavras feitas sem o saber,
Denominador comum de escusada ortografia,
Sem memória das velhas palavras que lia,
Sobre palavras em vias de entristecer,
Nem pronome nem sujeito em teoria,
   Impraticável conjugação do verbo aprender!...

Triste!...
Triste o autómato escravizado,
A tristeza da tinta e do papel censurado,
As palavras que não te direi quando se apagar a voz,
Ai, se apagar-se a luz à nossa volta, apaga-se em nós,
Extingue-se o nosso nome nunca soletrado,
  Morrem as palavras e ficamos tão sós!...
   Ai, tão obscuro o saber oculto na escuridão!...
Ó iluminados deuses da iluminância concedida,
Dais a luz que a luz nos roubas sem nossa permissão,
Não há no desligado computador os gritos da revolução,
    Apagaram-se as palavras escritas na velha escrita esquecida!...

Triste!...
Triste!...
  Pudesse eu dizer!...
 Triste!...
   Soubesse eu escrever,
   Soubesse eu amanhecer,
     A Palavra da noite... 
  Triste!...
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terça-feira, 16 de abril de 2013

Filhos das Tristes Ervas

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Entre as sombras das linhas e o advérbio invisível,
Esgueira-se na noite uma verdejante alma sensível,
Longe dos caminhos perdidos das eruditas catervas,
Modificando os sentidos de um sofrido verbo risível,
No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
Amenizando intensidades de tempos sem reservas,
Circunstâncias indicadas no pensamento concebível,
Gravado a fogo na fria capa por platina das minervas,
      Favor que queima a pele dos filhos das tristes ervas!...

Entre linhas sombrias e o invisível advérbio solitário,
Brilha o olhar cabisbaixo da vergonha e seu contrário,
Infâmia de um penitente, inocente de sua condição,
Essa pobreza quase daninha em consagrado glossário,
Léxico rejeitado nos abandonados ermos de perdição,
Onde crescem arcaicos termos adverbiados de rejeição,
Verdes a ervas sempre verdes na esperança do corolário,
Proposição lógica de impoluta Alma por justa asserção,
    Culpa evidente da inocente erva dada à luz na redenção!...

No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
     Vivem inocentes, os solitários filhos das tristes ervas!...

Conspiram nas searas perdidas as gramíneas virulentas,
Pintando céus azuis com arrebatadas opiniões cinzentas,
De pungidas lembranças dos silenciosos galrachos parasitas,
Desenham-se veracidades sobre testas de ferro truculentas,
Lavando o rosto de aparentes chupins de si mesmo eremitas,
Despindo inverdades danadas na lavra de insuspeitas desditas;
Restou todo um céu celeste sem as falsas palavras nebulentas,
Revelando fracas ervas pelo valor de uma erva mágica sedentas,
Magia que da pobreza nasceu como ervas de ouro descritas!...

Voam entre reis, caminhando no seio das pessoas benditas,
Respeitando o modo de ser das palavras, suas humildes servas,
    E vivem felizes na inocência de solitários filhos das tristes ervas!...
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