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Todos o olhavam com desdém,
Viam nele o que neles não viam,
O egoísmo de o ter quem o tem,
Reflexo que nos olhos se retém,
E para lá dos olhos não sentiam,
Irreflexo que da alma escondiam,
Escondendo espelhos de alguém,
Que revelasse como eles seriam!...
Olhavam-no através do embaço,
Ele que neles não encontravam,
Causava-lhes sentido embaraço,
Não sentir-lhe qualquer cansaço,
De ser o egoísta que acusavam,
Era o egoísmo que desprezavam,
O dele,
que crescia a cada passo,
Ao
passo que o deles decrescia!...
Viam sorrir aquele feliz egoísta,
Como quem sorri por não o ser,
Viam-no e viam um optimista,
Olhares ao alcance da sua vista,
Que por nada se coíbe de ver,
Viam-no sem querer parecer,
E ele era-o, simples e altruísta,
Como tem tudo para oferecer!...
Era ele de um egoísmo tamanho,
Que jamais quis saber do que era seu,
Nada deu a si mesmo e de tudo a todos
deu,
Há pão e sorrisos, dados por esse egoísta
estranho,
E o mundo continua a ver nele o que dele
tudo recebeu,
Nada se perderia da dádiva e mais se ganharia
do que mereceu,
Sempre
se soubesse que se tudo se desse tudo se teria ganho!...
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