terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sexo Causal...

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Escondemos-te o que sabes desta mágoa,
Do teu amor tão distante que nos magoa,
Procuramos-nos em tua moral de pessoa,
E é um rio que vemos, triste e sem água,
   Leito árido por onde teu Amor se escoa!...

Do sadio Amor dos que te amam te dão,
É Amor nascido ainda antes de nasceres,
Dado à luz, foste a luz dos amanheceres,
Amanhecemos contigo em nosso coração,
     Anoitecemos tristes se triste anoiteceres!...

Como é imensa a tristeza da saudade,
É mais triste quando estás mais perto,
Tão longe te vislumbramos amizade,
Procuramos-te de coração aberto,
E o que encontramos mais certo,
     É uma triste realidade!...

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Tão cego o nexo causal,
Das circunstâncias até ao efeito,
Tão sexo é o hábito do sexo casual,
Do acontecer até ao defeito,
Já friamente contrafeito,
Na podridão social!...
    
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2 comentários:

  1. Comentar “Sexo Causal...” é um daqueles Poemas que me desafia a leitura, e o movimento, certa do quanto é arriscado trilhar pelo caminho de uma escrita muito bem elaborada, e que, a princípio, apenas serve-se pelo presente instrumento poético como comunicação e desabafo.

    Dentre a diversidade temática de que se vale d’Alma, elejo três temas para este comentário: o amor paternal, que [“É Amor nascido ainda antes de nasceres,”] simboliza o sentimento que se traduz na compreensão, na confiança, no acolhimento e na educação à liberdade com responsabilidade; a saudade, que [“Como é imensa a tristeza da saudade,”] ganha força criadora quando se volta para seu aspecto trágico, ou seja, a tristeza, também representada pela caminhada solitária, e pela própria Poesia, que constitui um caminho de interferência e reflexão ao leitor; e o sexo casual [“Tão sexo é o hábito do sexo casual,”] como símbolo do princípio pornográfico e crítica social.

    O desassossego provocado por todos esses conflitos é uma excelente oportunidade para promover a reflexão no que se refere à educação e à formação de nossos filhos, independente de gênero ou de idade, por trabalhar a subjetividade através da inquietação, mas de forma tão consciente que a serenidade prevalece na Poesia.

    Enfim, educar também é indicar o caminho que pode dar no outro lado da Vida. Um lado menos obscuro e mais sólido, mais repleto de cores, a fim de que também o leitor atravesse essa estação invernosa, e entre, pela porta da frente, no reino da Primavera, ou do Verão, e, com responsabilidade, alcance o prazer como causa, ou consequência, do Amor.

    Não é fácil, mas é possível, e neste caso, me atrevo a dizer que meu comentário pode ser um pequeno passo nessa trajetória.


    Boa semana, d'Alma.

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  2. Notável poema, quer nas palavras quer nas rimas. Magnífico.
    Parabéns.
    Abraço poeta.

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