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sábado, 14 de julho de 2018

Indiferença

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Indiferente,
Logo à nascença,
Da vida inconsciente,
O seu despertar aparente,
Em silêncio, destino e sentença,
Do seu próprio destino ausente,
Fortuna ou desdita, indiferença;
Fechado em si, se deixou ficar,
Num sono sereno, sem dormir,
Suspenso em seu voo sem voar,
Sem saber como o vento sentir,
Ou daquele estranho sono sair,
 Sem aprender a querer sonhar,
     Com o pranto ou um leve sorrir!...

E ali ficou,
Até que veio outra doença,
Doença indiferente que o abraçou,
Com ela veio a morte que quase o levou,
Nem a morte venceu sua indiferença,
     Indiferente, pouco lhe importou!...

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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fimícolas


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As asas de donzelinhas reminiscentes,
Vagavam entre o carinho atirado às malvas,
Cândido, aquele jovem corpo em terras calvas,
Abandonado junto de todas as flores ausentes,
Recobrou a vida na candura dos inocentes,
    Com todas as flores que foram salvas!...

Descorçoadas as fimícolas inolentes,
Escondem-se de feitiços que as afligem,
Ao procurarem-se nos cheiros repelentes,
Apodrecem mudas em silêncios plangentes;
Em silêncio ergue-se do estupro, a virgem,
No olhar trás o veneno de uma serpente,
      Na virgindade imaculada trás a vertigem!...

Jardins brancos de uma só branca flor,
Cobrem a culpa de um forte corpo apodrecido,
Desse peito onde um coração teria implodido,
Outras flores maiores olham pelo seu amor,
     Sobre a sorte de mais uma flor ter nascido!...

No mistério de um jardim indefinido,
O céu azul cuida das vergônteas com primor,
Talvez Deus floresça de uma cândida luz interior,
E alguém que não O sinta em si florescido,
Só veja fimícolas à volta de sua dor!...


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quarta-feira, 12 de junho de 2013

A Sorte...




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Perguntaram a todos que a viam,
Sobre a vida que só alguns conheciam:
-Nasceu velha como a morte,
Dela diziam,
-Quem a teve, teve essa sorte!...

Vivia-se viva por ela abençoada,
Destinada a ser tudo perto de nada,
Campo livre aberto ao desejo mais forte,
E à impaciência da vereda mais apressada,
Nasceu já atalhada com mágico recorte,
Pensam-na em abraço e abraçada,
E por ela existem na passada,
       -Quem a tem, tem essa sorte!...
Diziam dela,
Com alguma cautela,
   Alguns já perto da morte!...

Enrolou-se já velha à velha mortalha,
Da vela feita da mais branca espuma,
Esmorece o seu pavio que se esfuma,
Há uma luz a perguntar a quem calha,
Se sabem da velha Luz que lhe valha,
Cinzas a sul dizem ter sorte nenhuma,
Dizem que os ventos a viram a norte,
Dizem que sua voz dissipava a bruma,
Dizem que era uma voz de despedida,
E disse uma vida sem sorte alguma:
-Procurei-te por toda a vida,
      E só encontrei a minha sorte!...
-Eu sou a Vida,
Dizem que disse,
-Sou mais velha do que a morte!...


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