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…o homem lá se apropriou da Fé dos
crentes,
Para atingir clímax sobre o ouro do pedestal,
Aprendera a persuadir a cega luz da santa
Fé,
Com a omissão dos pecados ricos de tanta
Sé,
Sôfrega de ignorância e de corações
doentes,
Flagela-se pelos vestígios do pecado
original,
Ostentação pura do ouro em veste
maternal,
Até à elevação de eleito deus, sendo quem
é,
E só depois, santo por decretos
convenientes,
Lavrados com o fino ouro de sábias
mentes,
Dos vulpinos que correm Cristos a pontapé!...
…queimam-se orações no inferno
dissimulado,
No infernal abismo dos sorridentes e
perversos,
Com vaidoso fogo das almas vendidas ao
diabo!...
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Excelente jogo de palavras, numa sátira bem conseguida à sociedade. Onde o que conta é a ostentação do poder e da riqueza, em detrimento de valores morais e até mesmo religiosos.
ResponderEliminarO homem, esse homem, não deixa de ser apenas um homem...como tantos outros homens!
Passei e deixo o meu abraço poético.
Desde que o interesse seja social, e que tenha suas veias conectadas às raízes da humanidade, seja por questão histórica, ou religiosa, seja pela preocupação humanística, sempre que essas veias se nutrem reciprocamente e misturam sangue e seiva, a poesia d’Alma se revela como uma obra de arte. E nesta Arte, que se mescla entre a verdadeira fé, ainda que descrente de homens de boa vontade, e a responsabilidade, ou compromisso poético, a informação. O poema é um gesto corporal à temática revelada com os aspectos do sagrado, ou do que deveria ser sagrado, no qual a existência humana parece perdida de tudo.
ResponderEliminarFazer esta leitura é movimentar-se dentro um universo de hipocrisia e desilusão, onde o sofrimento só faz aumentar a procura pela religião, mas cujo encontro é de ‘fé cega’. Cega de oração e da palavra que liberta. Da verdadeira palavra.
Uma chama, ou uma sucessão de flashes que ilumina o horror que assombra o mundo religioso. Neste contexto, d’Alma, ao falar sobre a “Santa Cega Fé”, evidencia sua Arte como libertadora. Ou como prenúncio de libertação. E mais uma vez, pela sensibilidade e pela diferença que se faz poema, verso e reflexão, somos libertados de um poder que aliena.
Obrigada A.
Bom fim de semana.