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Fecundez de semente primordial,
Germinada na bainha de preservativo
invaginado,
Rasga os lábios sobrepostos da membrana
geracional,
Que sugam os coágulos brancos ao
primórdio espiritual,
Dos corações rasgados entre sangue vivo
derramado,
Sobre a inumanidade prenhe de amor
coagulado,
Na Paz morta por consentimento convencional!...
Milhões de planos plenos de vida,
São preservados em preservativos sem
saída,
Preserva-se a triste morte do humano
imperfeito,
Em laboratórios onde às cobaias de pleno
direito,
É imposto o único direito de ver
instituída,
A Esperança que lhes fenece no peito!...
Cortaram-te as unhas afiadas,
À entrada do preservativo azul-celeste,
Sem tempo para perceber o mal que
fizeste,
Ainda viste outras famílias escravizadas,
No
colonizador hexágono a Leste!...
E
aqui estamos entre pregas de seis paredes semitizadas,
Erguidas com sangue de humanos
imperfeitos e arame farpado,
Amordaçados até à indiferença de nossas
vidas invaginadas!...
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A relação fisiologia feminina/terra, [pátria, semente, gestação, parto, trabalho agrícola e colheita], coaduna a realidade e a imaginação de encontro aos limites sociais impostos à humanidade. Dessa geografia e geometria, “Direito Invaginado” constrói um mundo de liberdade condicionada, ou uma liberdade vigiada, cujos direitos são todos ignorados.
ResponderEliminarNum tom de voz que talvez ressoe um pouco mais baixo de seu habitual, ou menos forte, d’Alma fala-nos da vida, desta vida cheia de contrastes e tão desigual, mas as imagens estão aqui. Ou lá. Aprisionadas. O sofrimento, a vida, a angústia, a fome e as desigualdades, a injustiça e a morte.
A função do preservativo não é de prevenção, mas de opressão. E quase dói. Ou dói inteiro presenciar a frieza que se instaura no poema, pela percepção da desesperança.
E a única liberdade que consigo vislumbrar é do percurso poético no movimento da linguagem. E do corpo poético que se quer livre dos contrastes sociais.
Ainda assim, dói.
Bom domingo A.