quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Desinspirado...

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Estou tão gasto de tudo, esgotado,
Vazio, seco de todos e sem ideias,
Sou terra exaurida entre as areias,
Onde, exaurido, arrefeço enterrado,
Não sinto aquele nada enfeitiçado,
    Que corre no vazio de minhas veias…

     E, árido, nem ávido sou de pousio!...

Sou este estranho curso evaporado,
No sumiço das margens desaguado,
Não procuro o significado de ser rio,
Sou esse caudal inerte e estagnado,
 Nem sol ou lua, nem quente nem frio,
Escurecido sem o defeito, sem o feitio,
    Não sou a noite nem o dia iluminado...

    Nem, aparte, ávido sou de consciência!...

Sou a minha própria consequência,
Sem saudades do siso desassisado,
Facto presente em minha ausência,
A gravitar fora de minha demência,
Adentrados auspícios do meu fado,
Suspensos no abismo ao meu lado,
    Ala que me esvazia sem clemência!...

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Aquém do que sou e rindo de mim,
Estou eu que ri do poético lampejo,
Rio também de belos rios que vejo,
A transbordar de tanta vida, assim,
Como se isso, a modos que, enfim,
      Não passasse de poesia ou gracejo!...

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Hehehehehehe….


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Saúde dos Sinais

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Dizem os sinais,
Amiúde,
Na quietude,
Dos desiguais:
- Sem saúde,
                 Não há hospitais!...

Afirmam mais,
Com magnitude,
Coisas iguais,
Os quais,
Dizem em tom rude:
- Sem hospitais,
      Não há saúde!...

Vamos adoecendo,
Vendidos à saúde viável,
Compramos saúde improvável,
Vamos empobrecendo,
Esmorecendo,
Até ao inevitável,
Consumo que vai crescendo,
    Nas entranhas do hospital saudável!...

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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ser Folha...



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Ser aragem,
Ser inesperada,
Invulgar lufada,
Folha e folhagem,
Ser soprada,
Do ciclo da vida,
Para o ciclo da vida,
Ser a viagem,
  Sendo a despedida…
A Primavera esquecida,
Lembrada e triste,
Ser Outono que insiste,
Na memória das cores,
As cores e as árvores,
A matiz dos amores,
   Natureza transversal…
Ser o sopro natural
Ser folha,
Ser árvore que resiste,
Ser a própria vida,
Que mesmo caída,
     Da vida não desiste!...

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O Gasoso dos Esfaimados

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Alguns açorados de inconscientes gasosos,
Já aborrecidos com os repetidos gaticídios,
Dilaceraram os restantes gatos orgulhosos,
Fartos de ouvir os miados, ficaram raivosos,
A voz do dono quis um aleatório homicídio,
Espremeram consciências até ao genocídio,
   Para deleite infecto de animais rancorosos!...

Encarniçadas matilhas de cães danados,
Escravos malditos de um descarnado rato,
Ainda farejando o sétimo orgulho de gato,
Juntaram-se aos bons sensos modificados,
E dos orgulhosos animais bem estimados,
 Na praça da vergonha fizeram gato-sapato,
    Uivaram como satânicos lobos esfaimados!...

Alimentam sob a moléstia do pelo lambido,
Pulgas, piolhos e as mais infeciosas carraças,
O raciocínio confiscado é vítima de ameaças,
 Enlouquecem animais entre o juízo perdido,
     E o juízo mordido pelas humanas desgraças!...

Os vestidos esconderam-se entre as traças,
Apetites vorazes levam lembranças consigo,
No eco das lágrimas sufoca um gasoso latido,
Miados esperados libertam-se das carcaças,
  Reerguendo a nova força do orgulho ferido!...

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