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terça-feira, 12 de setembro de 2017

HOSPITAL (Familiar Cais do Inferno)

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Mais, sempre mais,
Espera a morte no cais,
Veste-se a morte de timoneiro,
Vende salvação a troco de dinheiro,
Por dinheiro anestesia a dor viva dos ais,
Pode ser médico ou santo milagreiro,
Ou, aos médicos das barcas, iguais,
    Iguais ao desprezo de enfermeiro!...

Azar da sorte a quem o azar calha,
Calha a quase todos, sempre cedo,
Mataram o “olha que Jesus ralha”,
E, qual esperança feita de palha,
Há o inferno que mete medo,
Fogo que arde em segredo,
Chama, inferno e mortalha,
Condenação ao degredo,
    Ai, que Deus lhe valha!...

Fardas inocentes de mau agouro,
Batas brancas de branco imaculado,
Alimentam o insaciável comedouro,
É o infeliz doente mal alimentado,
Com o destino nunca imaginado,
    Com que alimenta o matadouro!...

Há um espectáculo que distrai,
Assiste uma plateia de doentes,
Há mais um doente que cai,
Riem Estados entre dentes;
Filhos, de alívio suspiram,
Da sua ingratidão muito rentes,
Juram que seus doentes nunca viram,
E, se por tão abandonados eles caíram,
Levantam-se os filhos, de suas culpas ausentes,
Silenciosos, agradecem aos carniceiros confidentes,
    Que, com eles, a morte do fardo consentiram!...

Mais, sempre mais,
Em cada hospital há um cais,
Onde, na barca, aguarda o barqueiro,
Que, a troco do tão sujo e vil dinheiro,
Leva para o inferno os derradeiros ais,
     Antes que a salvação chegue primeiro!...
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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Saúde dos Sinais

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Dizem os sinais,
Amiúde,
Na quietude,
Dos desiguais:
- Sem saúde,
                 Não há hospitais!...

Afirmam mais,
Com magnitude,
Coisas iguais,
Os quais,
Dizem em tom rude:
- Sem hospitais,
      Não há saúde!...

Vamos adoecendo,
Vendidos à saúde viável,
Compramos saúde improvável,
Vamos empobrecendo,
Esmorecendo,
Até ao inevitável,
Consumo que vai crescendo,
    Nas entranhas do hospital saudável!...

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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Caso Perdido

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Qualquer caso de saúde mental,
É caso para ser um caso perdido,
 O dinheiro é um caso pressentido,
Caso não o tenha é quase mortal,
E em caso da morte ter sucedido,
Sucede-se a óbvia relação causal,
Das causas ao efeito mais natural,
    De para morrer bastar estar vivo!...

Imagina-te bem vivo num caixão,
Há médicos à tua volta atenciosos,
As análises são casos espantosos,
 Das unhas encravadas ao coração,
Dos incríveis vírus muito famosos,
Até à cura por carniceiros zelosos,
Doutores da morte por prescrição,
Tão amáveis e de olhos carinhosos,
   Receitam a morte por procuração!...

Já fora do caixão onde estiveste,
A teu lado vai o caixão a enterrar,
À tua frente há uma porta celeste,
A única porta que nunca quiseste,
Aberta sobre ti convida-te a entrar,
Nas tuas costas há faturas a cobrar,
Dão-te toda a terra pelo que deste,
   Terra que pagaste e morres a pagar;
És um caso perdido,
Que médico algum quer encontrar,
O teu médico amigo,
Caminhou contigo,
Acreditaste que o sorriso te ia salvar,
Milagroso abrigo,
Mas, pobre condenado, até te matar,
Deste muito do que ele quis a ganhar,
         Esse simpático perigo!...
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