terça-feira, 6 de agosto de 2013

Lençóis de Lama

.
.
.



Lamacenta esta noite densa,
Empertigada a cama que me cobra,
-E me quebra-
Conto as voltas que voltam e a volta que me dobra,
Dobro-me até fechar-me em concha receptiva à tua presença,
Procuro-te na lama do teu desejo e em minha querença,
Teu corpo que se afasta beijando a lama que sobra,
Desliza até ao lodo repousado na indiferença,
-E lentamente se requebra-
Imiscui-se na lama que sua forma recobra,
Volta a ser lençol enlameado, nossa pertença!...

Repousa enlameada nossa Alma,
 Em enlameados lençóis de lama,
Uma voz enlameada que chama,
Adormece na madrugada calma,
     Com sonhos resvalados da cama!... 
.
.
.

 


sábado, 3 de agosto de 2013

DiVerso Agosto d'Alma

.
.
.



Este calor que abafa o discernimento,
É anaeróbio efeito perfeito de agosto,
Entre asfixiantes virtudes entreposto,
Em tentativa de fuga ao ensinamento,
Tentando o inalcançável entendimento,
Através da estrutura perfeita do rosto,
    Frígido de intencional arrefecimento!...

A virtude é um cubo em arestas de gelo,
Ausentes das paredes que o sustentam,
Com ângulos de perspectivas sem apelo,
E o ângulo flexível de quebrado cotovelo,
Dores fortes que os soníferos aguentam,
Fazendo de conta que contas inventam,
    Pertinaz o empenho de tão obscuro zelo!...

Entre Krystais, vêm envoltos em calma,
     DiVerso, A.braços e os estados d’Alma!...

Pobres poetas e outros miseráveis,
Caminham nos abraços da conivência,
-Nunca lhes caem os braços,
Nem o labéu-
Comungam do divino pão que se bifurca,
Chafurdam em vinhos de sangues misturáveis,
Aflorados no rosto de irresistíveis aparências,
Entre acordos tácitos de egoísta convergência,
Essa subtileza manhosa que o incauto deturpa,
Desfigurando a virtude dos defeitos louváveis,
-Sempre vinculados aos laços,
E às promessas do céu-
O efeito do defeito em virtudes reprováveis,
Que a violência intrometida do verbo usurpa,
Visando os fins dos princípios que conspurca,
Os mesmos princípios de redita persistência,
-Submissos sucessos de cu ao léu,
Enrabados por fracassos-
   Repetindo-se em anáforas de contingência!...

Mas, este é só mais um mês de Agosto,
Mês de poucas virtudes… e muitos defeitos,
As férias da denúncia e a surpresa de novos conceitos,
O silêncio da confissão atroz desconhecida no rosto,
Bem conhecida dos propostos a cargos escorreitos,
Longe dos gritos de tristeza e alegre desgosto,
     Fim inacabado dos krystais imperfeitos!...

Também este Agosto é mês de krystal,
Será sempre DiVerso de todos sem preconceitos,
Será o perfeito defeito da virtude natural…
Ou apenas mais um defeito revelado de Agosto,
    Na virtude de um Poema… sem rosto?!...
.
.
.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Girassol entre Falésias

.
.
.


Orgulhosa a água em sua abundância,
Escorria pela garganta Até às margens labiais,
As virilhas vincavam-se até os glúteos sensuais,
Encurtando o prazer exposto à mesma distância,
Abriam-se as paredes que libertavam a fragrância,
    Corriam entre os penhascos as cores menstruais!...

No alto da falésia sentes-te vir em fogo que arde,
És um fátuo girassol gravitado por infinidades de sóis,
    E feneces nos rios exânimes mais cedo ou mais tarde!...
.
.
.
 


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Gota de Sede... insaciável

.
.
.



Não foi tua sede que mataste,
Bebeste toda a minha sede por ti,
Por ti ficou esta sede que deixaste;
És gota única de minha sede sequiosa,
Talvez lágrima que em teus olhos eu li,
És nascente farta e fonte luminosa,
És poema feito de água preciosa,
    Último verso que eu não bebi!...

Um piscar no teu piscar,
Lê-me com o desejo que te leio,
Lemos a gota sedenta em nosso olhar,
Copiamos o brilho malicioso na gota imerso,
E expandimo-lo para todo o universo,
Numa gota ímpar sem se esgotar;
Abres teu peito livre e revelas teu seio,
Universal, o próprio universo… e cheio,
    Teu outro seio convida-me a beijar!...

Na última gota que ainda não bebi,
Está tua sede insaciada por me saciar,
Versos salgados,
 Que no teu corpo escrevi!...

.
.
.