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Orgulhosa a água em sua abundância,
Escorria pela garganta Até às margens
labiais,
As virilhas vincavam-se até os glúteos
sensuais,
Encurtando o prazer exposto à mesma
distância,
Abriam-se as paredes que libertavam a
fragrância,
Corriam entre os penhascos as cores menstruais!...
No alto da falésia sentes-te vir em fogo
que arde,
És um fátuo girassol gravitado por
infinidades de sóis,
E feneces
nos rios exânimes mais cedo ou mais tarde!...
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Não há morte nem princípio
ResponderEliminarComeço por comentar este poema, na deslocação de um espaço no tempo em que ele me sugere, entre a celebração da vida e a melancolia da morte. E logo de início sinto que estou perante uma arte que procura na dinâmica, não a explicação da vida para situações de conflito, mas o alívio que reside entre a poesia que exorciza o medo da morte, e a fragilidade de sua impermanência na memória.
ResponderEliminarEm alusão à fisiologia do ciclo menstrual, o poema “Girassol entre Falésias” faz parte da sedução e do envolvimento da palavra com as imagens que se constroem poeticamente, na urgência da renovação que se faz presente na liberdade de resignação. Porque é através da metáfora do sangue, que não ferida, ou dor, mas renovação, que se acumula o erotismo como chama incandescente. E então, que a poesia se metamorfoseia, engana a sombra e ilumina a esperança.
Num percurso transitivo, sou levada pelas imagens que refletem desse imenso espelho d´água que o poema me convida, e que comporta tanto de solidão quanto vida em harmonia, a uma experiência, ou vivência, de como conviver sem o medo da morte, ou do fim anunciado, para antes ou depois, mas sempre a tempo de concluir o ciclo da vida.
E a mim, enquanto leitora, resta-me projetar meu olhar sobre essa paisagem e tão contrária à ilustração, depurar sua imagem. Ler, sentir e interpretar a Arte como invenção, mas, acima de tudo, como lição de superação.
Boa semana, d’Alma.