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Ó miséria, a quanto obrigas,
Lembras-te dos orgulhosos,
Cheios de nada e manhosos,
Cheios de suas duas barrigas,
Com que cantavam cantigas,
Barrigas falsas de invejosos?!...
A quanto obrigas, ó miséria,
Dona de nada, sem piedade,
Mostras-te por tua metade,
Parte cheia de vaidosa léria,
Como se fosses palavra séria,
Que tu revelas por caridade!...
Onde estás ó antiga pobreza,
Que a tantos, a fome matavas,
Eras ajuda forte, tua fraqueza,
Tanto davas e não te fartavas;
Na sopa, contavam-se as favas,
Verdes quintais e tanta beleza,
Ó miséria, espalhas tuas larvas,
És, agora, semente de tristeza!.....
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