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Voltou a desinspiração,
Acabaram-se a tinta e as cores,
Qual seria a cor de minha emoção?!...
Talvez de um leve vermelho sem dores,
Cor de carbono, puro de diamantes valores,
Gás, talvez, incolor por qualquer razão,
Inodoro e vital, ausente de sabores,
Essencial à palavra e respiração!...
Voltou a indiferente vontade e o vazio,
Fim de janeiro, mimosas sem florescer,
Á minha volta todos se queixam do frio,
Ai, se conseguisse imaginar um arrepio,
Inspirar um esfregar de mãos e aquecer,
Saber que há, apenas, um Janeiro tardio,
Sentir em minhas veias as cores a correr,
Pintar flores de mimosas e o amanhecer,
Respirar inspiração de Janeiro colorido!...
Mas, a delicada flor da mimosa,
Neste Janeiro pelo frio fustigado,
É frio poema por mim congelado,
É frio poema por mim congelado,
Não é rima de verso nem é prosa,
Neste tardio poema desinspirado!...
Neste tardio poema desinspirado!...
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