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Corremos atrás da vida incerta,
Vivendo na incerteza do que vivemos,
Atrás de nós vem a morte mais que certa,
Cheia de nós cegos com que a vida nos
aperta,
Vamos desatando os olhos enquanto
corremos,
Por cada nó desatado atamo-nos ao que colhemos,
Laçadas desfeitas por cada manhã que nos
desperta,
Olhamos para trás do que passamos e nada
vemos,
Á nossa frente, fechamo-nos na noite à descoberta!...
Corremos à toa como perpétuos alienados,
Em cada corrida perpetuamos mais um
labirinto,
Atrás de nós, abrem-se esquecidos
labirintos fechados,
Ao sentirmos portas fecharem-se corremos
assustados,
Sempre em frente, abrimo-nos à diversão
por instinto,
Pelo desvio com menos custo,
Sobressaltados por cada susto,
Ante a primeira dúvida de um momento
imortal já extinto,
Continuamos a correr pelo tempo dos
mortais acossados,
Cada vez mais perto da meta sentimo-nos
mais pesados,
Ser o primeiro é o prémio justo,
De repente o sobressalto é medo atacando
todos os lados,
Ser último é um desejo robusto,
Desistir é sair vencedor pela entrada prévia dos condenados!...
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Um jovem imortal, entre os mortais
nascido para viver,
Passou de imortal a simples imortal só
enquanto viveu,
A meio da marcha do nada que temeu até
muito temer,
Foi de um passo firme a um outro passo já
a esmorecer,
Uns passos mais adiante, olhou em volta e
estremeceu,
Haviam morrido todos os imortais com quem
cresceu,
Sentou-se numa lápide onde seu nome pode
ler,
Ainda se levantou para ver o que
aconteceu,
Antes de ter a certeza de morrer,
Deu mais um passo e morreu!...
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