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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Asfixia


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Asfixia!...
Aquele abraço com imensos braços da alegria,
Antes  da fuga espavorida, esbracejada a esmo,
E todas as promessas intensas em demasia,
Como viver antes da morte, em agonia,
    Morrendo sempre pelo mesmo!...

Mais, sempre mais, o céu,
Todo o inferno, o corpo em chamas e a alma,
Banhos em flores asfixiadas, lágrimas floridas, um véu, 
Perfumes cativos exalando essências do pranto e da calma,
Os afagos, a transparência, as mãos prisioneiras da palma,
Os dias nervosos, todos os dias, rezados num só dia...
O diabo, a tentação e a prece sob a prece,
Pedra sobre pedra e o ritual crescente, 
O calor do Sol que o desejo arrefece,
A penumbra envolvente que desce,
A memória da sombra que crescia,
A construção de um mundo só seu e permanente,
Ovais obedientes, fechando-se à inevitável profecia,
A tendência oclusa e a oclusão que para dentro de si tendia,
A liberdade de libertar-se do corpo exterior, suave e incoerente,
O ovo a fechar-se sobre a incoerência, suavemente,
Em plenitude perfeita e singular harmonia,
A consciência da obsessão inconsciente,
O sacrifício da luz e a luz sombria,
A sensação fechada da mente,
E o clique, de repente...
     Asfixia!...

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domingo, 11 de agosto de 2013

Antúrios


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Desconfiada do desinteresse de Adão,
Eva mandou destruir todos os antúrios,
À frente esmorecido e ao dependurão,
Escondia-se a natureza de um furacão,
Atrás exibiam-se atrevidos os augúrios,
Exuberantes por externos murmúrios,
Bem seguros, presos por alguma razão,
    Aráceos prazeres de prazeres espúrios!...

Sentados sobre híbridos antúrios belos,
Mostram-se entre antúrios escondidos,
Com os velhos antúrios são confundidos,
A vergonha de seus interiores paralelos,
 Liberta de preconceitos deveras fodidos,
     Ostenta antúrios no cu de seus castelos!...

Há novos paraísos nos catálogos,
Antúrios filhos de Adão e Eva genética,
     Beleza de estranhos prazeres análogos!...
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sábado, 20 de abril de 2013

Cravos Ressequidos

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Quando amamos os cravos que nos libertaram,
E passamos mais de trinta anos sem os regar,
Não podemos negar,
Nossa culpa pelos cravos que secaram,
E se culpamos aqueles que nos roubaram,
De sermos água a evaporar,
 Somos os culpados que não queremos culpar,
E a culpa já viúva,
Ainda antes de ser casada,
Assenta-nos como uma luva,
Essa que segurou o guarda-chuva,
Um guarda atento que regar não deixava,
O símbolo daquele cravo que secava,
E continuou secando,
Enquanto fomos regando,
O jardim de quem se governava,
Com o que nos ia roubando,
Legitimado pelos votos,
Dos devotos,
    Que nos traidores foram votando!...

Agora choramos os ideais dos cravos traídos,
Sobre o suave deboche-rosa dos trampolineiros,
  Os laranjais continuam regados com votos de cordeiros,
Nas searas queimadas arderam foices e martelos vencidos,
Ao mesmo tempo que um grupo menor de parasitas indefinidos,
Continuam no centro das ilusões prometendo água aos pobres carneiros,
    Esses animaizitos que nem se importam de comer os cravos já ressequidos!...
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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Prisões Semelhantes

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Circula um rumor inocente,
Em prisões cheias de liberdade,
Que há uma liberdade diferente,
Na justiça algemada de tanta gente,
Pouco se importando com a igualdade,
De ver a justiça condenar a verdade,
Do mesmo modo que livremente,
    Serve a injustiça com lealdade!...



Á liberdade aparente,
Esconde-se a semelhança,
Entre a liberdade vigente,
E seu ponto final iminente,
   Já presa por insegurança!...

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Piano


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Há Luz dada, pela primeira vez, a pessoas que são imediatamente esmagadas pelo nome, pelo peso infalível das linhagens familiares e sociais!... Como se não bastasse, costuram-lhe umas asas ainda mais pesadas do que o peso de não ter escolha e escondem-lhe as encruzilhadas, a escolha de um caminho e a opção do erro!... A obrigação de ser algo perfeito, sem alternativa, é uma imposição sem condições entre pequenos universos fechados entre si e para sempre gratos… como se cada um seja um elo grato a outros elos que, por sua vez, pagam a gratidão com mais gratidão, sem quebrar a corrente que se aperta por cada nova Alma dada à Luz… sem outra opção nem vocação, talvez, para voar o voo dos progenitores, sempre fartos, leves e felizes, bem aos pés das falésias!...
Há sempre um qualquer Filho da Luz que um dia se quebra da corrente e decide dar asas à Liberdade que nunca conheceu; sobe a pulso e experimenta, pela primeira vez, a dor esforçada dos braços… por cada centímetro conquistado, por cada pena das asas que escolheu!... E chega ao ponto mais alto do que lhe fora negado desde a primeira Luz ao primeiro e único clarão breve do salto!...


O piano desespera,
Obrigado a ser alguém,
Por ser filho de quem era,
Todos o sabiam muito aquém,
Dos plágios que sempre fizera,
Um dia subiu ao alto da Primavera,
Amaldiçoou o pai e o nome da mãe,
Do alto de si amaldiçoou-se também,
E voou para o que de si sempre quisera,
Ao encontro do saber não ter sido ninguém!...

Restou uma imagem sem registo,
Uma fotografia esquecida de tirar,
Já revelada pelo sacrifício previsto,
Dos seus pianos obrigados a tocar!...


E nenhum Piano se calou, nos palcos seguros dos elos protegidos e obrigados a ser alguém, por serem filhos de quem são!...

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