Mostrar mensagens com a etiqueta ovo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ovo. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A Rola pôs dois Ovos no Buraco da Fechadura

.
.
.

Que teria visto o sorridente petiz,
Com sua cândida inocência e pura,
Quando num riso envergonhado diz,
Que a uns milímetros do seu nariz,
A rolinha, -diz ele a jurar que jura-
     Pôs dois ovos no buraco da fechadura?!...

Em todas as portas há fechaduras sagazes,
E todas as rolas que espreitam são capazes,
De nelas sentirem dois ovos escuros a bater,
Aninhando-se em ninhos quentes de prazer,
Muitas passarinhas esquecidas das chaves,
Fecham-se em pequenos ovos sem o saber,
    Espreitam-nas a inocência de outras aves!...

Há um buraco na fechadura,
A brilhar com intensidade,
Palpita com ansiedade,
Em segredo que pouco dura,
Abrem-se as portas com ternura,
  Às chaves inocentes da curiosidade!...
.
.

.

     

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Asfixia


.
.
.


Asfixia!...
Aquele abraço com imensos braços da alegria,
Antes  da fuga espavorida, esbracejada a esmo,
E todas as promessas intensas em demasia,
Como viver antes da morte, em agonia,
    Morrendo sempre pelo mesmo!...

Mais, sempre mais, o céu,
Todo o inferno, o corpo em chamas e a alma,
Banhos em flores asfixiadas, lágrimas floridas, um véu, 
Perfumes cativos exalando essências do pranto e da calma,
Os afagos, a transparência, as mãos prisioneiras da palma,
Os dias nervosos, todos os dias, rezados num só dia...
O diabo, a tentação e a prece sob a prece,
Pedra sobre pedra e o ritual crescente, 
O calor do Sol que o desejo arrefece,
A penumbra envolvente que desce,
A memória da sombra que crescia,
A construção de um mundo só seu e permanente,
Ovais obedientes, fechando-se à inevitável profecia,
A tendência oclusa e a oclusão que para dentro de si tendia,
A liberdade de libertar-se do corpo exterior, suave e incoerente,
O ovo a fechar-se sobre a incoerência, suavemente,
Em plenitude perfeita e singular harmonia,
A consciência da obsessão inconsciente,
O sacrifício da luz e a luz sombria,
A sensação fechada da mente,
E o clique, de repente...
     Asfixia!...

 .
.
.