.
.
.
Desconfiada do desinteresse de Adão,
Eva mandou destruir todos os antúrios,
À frente esmorecido e ao dependurão,
Escondia-se a natureza de um furacão,
Atrás exibiam-se atrevidos os augúrios,
Exuberantes por externos murmúrios,
Bem seguros, presos por alguma razão,
Aráceos prazeres de prazeres espúrios!...
Sentados sobre híbridos antúrios belos,
Mostram-se entre antúrios escondidos,
Com os velhos antúrios são confundidos,
A vergonha de seus interiores paralelos,
Liberta
de preconceitos deveras fodidos,
Ostenta antúrios no cu de seus castelos!...
Há novos paraísos nos catálogos,
Antúrios filhos de Adão e Eva genética,
Beleza de estranhos prazeres análogos!...
.
.
.
Nem Adão, nem Eva. Nem éden, nem inferno. Sociedade. Aquilo que parece, e por não ser, confirma. Um conjunto de metáforas que vão se transformando no desenvolvimento do poema.
ResponderEliminarComo na vida, e suas muitas bifurcações, atração e repulsão, e escolhas que envolvem os seres humanos em suas relações interpessoais, o homoerotismo dos primeiros versos de “Antúrios” [“À frente esmorecido e ao dependurão, / Escondia-se a natureza de um furacão,”], reforça esse contexto social de ambiguidades, mas o que se segue na narrativa e fundamenta o poema no desenrolar da temática homossexual, é o repúdio à aparência, à clandestinidade da opção sexual e à diferença entre natureza e artifício.
E d’Alma estabelece com a arte o objetivo de relatar uma realidade que não está nem um pouco distante. Antes pelo contrário!
A fúria [“Aráceos prazeres de prazeres espúrios!...”] não é homofóbica. A poesia, por não ser fugidia, não compactua com a hipocrisia. O que ela exige é a sinceridade, que seja pelo esforço, ou pelo prazer, indiferente ao gênero, porque é por ela que nos depuramos e nos homogeneizamos.
Boa semana, A.
Na verdade improvável
ResponderEliminarquem melhor diz
são os espelhos nos jardins