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A haste de
fibra óptica atravessava-lhe o endeusamento ao longo de uma extensão temporal
até à terceira têmpora, o retrovisor da memória persistente amolecida pelo
calor que a foi derretendo num corrimento teimosamente sólido, para dentro,
todo para dentro de fora de si!... As cúpulas da cópula haviam ruído antes do
acto e o tempo continuou voando seguindo a forma exacta , modelando-se até ao
orgasmo impossível!... Dentro do peito, a dois beijos do coração, o coração
olha a hulha e sua sombra um pouco mais
aclarada e esclarecida, em processo de destilação. Entre um batimento e um
abatimento momentâneo do relógio, amolece o tefe-tefe vindo de fora de si,
escorrendo Dali até acolá do tempo flácido e inútil, onde os deuses e o adeus
proclamam as despedidas dos “enfins”
libertadores e tão sós entre si. Enfim!...
Um sem fim,
De confins
até à ambrósia e aos néctares divinos,
E,
finalmente, o sémen dos antes cristalinos,
E dos
depois flácidos que renegam o Éden e o jardim,
Descrentes
em Deus e nos hinos,
Cânticos e
poemas que os vagabundos cantam às frivolidades,
Dedicam às
eternas vagabundas de eternidades,
E, ainda,
à palavra errante dos critérios elitistas mais finos,
Prisioneiros
dos deuses e dos pontos sem continuidades,
Mas, as
Árvores do Conhecimento e da Vida são vulgaridades assim,
À
distância da loucura e da negação às meias vaidades,
E às
saudades retratadas nos ingratos destinos…
Mas, os
desatinos, meu Deus, os desatinos!...
Á solta lá, que de lá até Dalí, num visão
perfeita da realidade enterrada até meio corpo, sobrava-lhe a sombra do remorso
e da esfinge e de outro corpo, o da ideia… e ninguém ousava deixar cair o
porquê sobre a tela, nem mencionar a nomenclatura das talas que, de um lado,
asseguravam a fixação das palavras fracturadas. Do outro lado, outros deuses,
nem maiores nem menores, desentalavam a inspiração tímida, condicionada e em
vias de desalentar-se entre Apolo, Eros, Poseidon e os raios e corisco de Zeus,
mais o seu mau feitio. Dalí, sempre dali, como de outro ponto qualquer da
intimidade lacrada com óleos entre linhos cruzados e secantes, mais ou menos
rápidos, depressa chegava onde às filhas bastardas dos deuses só era permitido
sonhar!... Hera, quer quisesse ou não, fora traída, encornada pelo tempo e já
ninguém lhe emprestava a importância que impunha por direito e porque outra
coisa seria inconcebível. O tempo é tão paciente quanto Hades e há sempre um
mensageiro, um ladrão e quantos vagamundos, e Hermes, a desassossegar todas as
almas inseguras do universo!...
Atrás de mim, de costas voltadas para minhas costas, continua imóvel e
silenciosa, com as fontes em fogo, atravessadas pelas hastes. Numa das
extremidades, um espelho ora côncavo ora convexo, transmite-lhe a imagem
perfeita da distorção que quer ver… dali, já que, Dalí, o outro entendimento da
análise, é um lado em deslocação na memória para uma possível insignificância,
embora aparente!... Como aparentes são os destinos do destino que os vagabundos
não têm, por mais que o destino dos passos errantes vagueie por aí sem a menor
ideia do destino do dia seguinte… com toda a convicção do mundo e dos
vagabundos contrapostos à idolatria fraca de vista,
Força que
não é sua e refúgio adinâmico,
Fraqueza bruta, coitadinha e calculista,
Com olhos
cegos postos na conquista,
Com medo
da derrota e do seu egoísmo satânico,
Até,
daquele carrapito infantil no primeiro retrato irrealista,
Olhando
apenas para um adentrar de si idealista,
E, rendida
ao só seu parafrasear mecânico,
Movimenta-se num bloqueio surrealista!...
E como
gostava que o destino lhe houvesse sido generoso, atribuindo-lhe têmporas
intactas, invioladas por retrovisores!... Só ela sabia o quanto amaria seu
corpo generoso de vagabunda onde os deuses do Olimpo vagueariam e abusariam de
seus conflitos, sobre sua carne, dentro de sua carne violada e agradecida!...
Quisera
Deus que as pequenas girafas em chamas dançassem elevadas em notas soltas,
fumegadas das liras, bafos inócuos de Apolos e cantos de musas de suas musas e
dos espelhos prisioneiros dos reflexos e das milhentas birras em jogo num
qualquer quadro pendurado no recanto das pequenas obras agigantadas!... Quase Mulher, quase mulheres, toda ela e
elas, gaveta e gavetas, umas fechadas, outras por fechar num acordeão de
movimento e sua ausência, impelindo os foles para trás e adiante, para dentro e
para fora… com a preciosa ajuda das pacientes muletas e outros dispositivos de
ativação e sensação de equilíbrio na travessia das areias finas do sul, até ao
céu azul. “Afrodite bem pode esperar sentada pelas palavras que não lhe direi”,
pensou. Pela primeira vez, senti-me trespassado, como se um abraço fosse
disparado contra as minhas costas, atrás de mim, sempre atrás de mim, entre mim
e o quadro, os objetos moles e o tempo, talvez a idade, o sexo e a jura. As
palavras em fuga, a tristeza das palavras, o desconforto que as gavetas lhe
causavam e os segredos bem guardados nessas gavetas vazias. Dali ao Ó-limpo sempre
sujo dos vagabundos, ia um passo ou muitos passos caídos no esquecimento, como
esquecidos pelos aplausos curvados, frenéticos, estrondosos e… moles!...
Ainda atrás de mim, na tela de minhas costas, foi-se ela e Dalí,
deixando
atrás de si
A reação
muito feia do seu expressionismo,
No
horrível silêncio do grito mais asfixiante que já vi!...
Edvard
Munch era todo seu, um grito medonho à medida de toda a beleza de suas palavras
e seus medos,
E de todas
as suas muletas,
Escondidas
de Dali e seus brinquedos,
De suas
vazias gavetas,
Cheias de
segredos…
E de mim,
Enfim!...
Borboletas,
Leves
entre meus dedos,
Como o
permanente de canetas,
Sem tintas
mágicas nem meus bruxedos!...
Arrancou as
hastes a sangue frio e desfez o retrovisor em incontáveis palavrões e acabou
desconfiada de tudo!... Culpa-me, como se eu fosse um minúsculo deus!...
Ou o rei do “Ó-limpo”, o Vagabundo, nesta realidade vagabunda dos sonhos e das
Palavras fantasmas!...
hahahahaha… Bú.
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