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Sumptuosa árvore, poderosas raízes,
Sustentando a força que o povo agradece,
Gigante imponente de silenciosa dialéctica,
Beneplácito crente de atitude patética,
Sem as benesses das horas felizes,
Horas insensatas de que o povo padece,
O povo público… a Pobreza!...
Sempre à volta do pau, gravando mensagens,
Talhando a eito,
Atalhos,
Com firmeza,
Sem derrapagens,
Aposta do peito que fortalece,
O poder fraco da palavra,
Fraqueza imponente das imagens!...
Atalhos,
Talhados nos rosto, gravados na vergonha,
Risos e sorrisos fechados, amarelados,
De todas as cores,
E favores,
Abertos, sempre, a mais um baptismo,
A mais uma cegonha,
Desacreditada por esses abutres,
Donos da verdade;
Espertos,
Despertos,
Adormecidos,
Possuídos,
Sempre à volta do pau,
Nada mau!...
Moldando mais uma máscara conveniente,
À ocasião sempre presente,
De adivinhar uma simpática verdade,
Num qualquer incapaz,
Vestido de insuspeita bondade!...
Horas insensatas de que o povo padece,
O povo público…
Que todo o castigo merece!...
Um prémio, mais uma benesse,
O melhor lugar no espectáculo lúdico,
E, quem sabe, uma máscara ainda melhor,
Mais um favor, nada pior,
Chegar onde nunca chegou,
Nem nunca o sonho ousou chegar!...
É uma nova máscara a talhar,
Bem trabalhada na ideia,
Concebida à catanada,
Ajustada a pontapé,
Nos ventos de quem semeia,
Campos de marretada!...
Atalhos bem talhados?!...
Entre o talho e o atalho,
Há qualquer coisa que cheira mal,
Um descuido malcheiroso, coisa e tal,
E lá cai a coisa revelando a “cara”;
É que entre a latrina do passado,
E a sanita interactiva do futuro,
Vagueia muito mijo disfarçado,
De cagalhão bem duro,
Mas não é de todo seguro,
Porque em tanta porcaria misturado,
Ficou-lhe o cheiro alterado,
Não passando despercebido,
Passando por ser o que não é,
Sendo confundido até,
Com aquilo que havia sido!...
Mas mesmo isso foi derretido,
Na temperatura do sol quente,
E enquanto se ia evaporando,
Impõe-se uma questão pertinente:
-Que seria aquele mijo,
Se em vez de mijo fosse gente?!...
Arbusto de raiz insegura,
Ao sol, de sombra despido,
Apeadeiro de território canino marcado,
Denuncia um cheiro infectado,
Naquele rosto abandonado,
Talhado a coices de cavalgadura!...
Máscara caída que ninguém viu,
Talhada da sumptuosa árvore que caiu!...
Ainda assim, nisto de árvores caídas,
É preciso tomar caldinhos de cautela,
Pois há sempre calculadas investidas,
Daquele que talhou uma gamela;
Fitou-a, fez-se a ela,
E cismou fazer dela,
A máscara mais bela!...
Tirou-lhe as medidas,
Deitou-se nela,
E nela tomou o gosto,
De nela comer!...
Pois!
Mãos à obra e toca a serrar,
Esculpir,
Talhar,
Suas medidas há que ajustar,
Medidas incertas, não há porque errar!...
Pois!
A coisa ficou pronta,
E do que parecia uma ideia tonta,
Pior coisa não podia sair;
Com as folhas a cair,
A madeira arreganhava,
Fustigada pelo sol quente,
Enquanto o fogo se aproximava,
Impunha-se uma questão pertinente:
-que seria aquela gamela,
Se em vez de gamela fosse gente?!...
Máscaras caídas que ninguém viu,
Talhadas da árvore que nunca existiu!
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