segunda-feira, 21 de março de 2011

Árvore

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…Com oxigénio em carestia,
Rouba-se o privilégio de respirar,
Inspira-se a Luz na energia,
Que inspira a inumana tirania,
De expiração pulmonar;
Falta o ar,
Viva a hipocrisia!...
Árvores verdes são alegria?!...
Já não são a maioria,
 Quem precisa de se inspirar,
Se basta uma flor para exalar,
Aromas de fantasia,
Enxertadas de vendado olhar?!...
Planta postes de luz na serrania,
Espera a sombra que te vai deleitar,
Mas, vais ter de a comprar,
E se teu dia se ensombrar,
Não te asfixies assim em demasia;
É apenas mais uma árvore em alegoria,
Pintada na extinção do papel que te quer rasgar!...

Árvores!...
Essa vida que dizem aflorar...
Sob milionários mármores...
Dá que pensar!...


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4 comentários:

  1. d´Alma

    "Árvore

    Quem precisa de se inspirar,
    Se basta uma flor para exalar...

    Dá que pensar!..."

    Lindo e lindas as palavras deixadas no meu "lamento"...

    (Continuo doente. Por quanto tempo,
    não sei e o pior que posso fazer é escrever - dizem e com razão, os médicos.Mas vim sem autorização -
    tinha de vir. Quando volto? Não sei, nem sei se volto...)

    Saudades,

    M. Luísa

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  2. Que arvores sejam plantadas em amor,,,que elas nos façam respirar o oxigenio do amor e da vida...abraços de bom dia.

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  3. Caro amigo POETA;
    As árvores poderão não ser, já a maioria; serão uma minoria que aceitamos de bom grado, porquanto ela ainda acredita ser possível levar a luz e o conhecimento a todas as crianças do Universo, ainda que defronte por vezes céus conspurcados "em milionários mármores".
    Este poema é, a meu ver, uma reflexão profunda sobre uma sociedade tirana que nos asfixia, apesar do esforço sobre-humano das
    "árvores em minoria" para minorar os malefícios do ar cada vez mais denso e impuro.
    Um excelente poema, eivado da grande qualidade de sempre; "Dá que pensar".
    Um forte abraço.

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  4. No primeiro dia da primavera, o uniVerso d’Alma inaugura um novo olhar à paisagem nos versos que respiram, expiram e inspiram, e colados aos pulmões, pulsam em sincronia com a realidade da poesia no poema “Árvore”.

    As reticências iniciam o parágrafo no enriquecimento da dignidade poética a partir da recriação do real, e conduzindo, consequentemente, ao mundo real, na continuidade de um tema que exige ação: “…Com oxigénio em carestia, / Rouba-se o privilégio de respirar”.

    Os ritmos favorecem aos versos a harmonia musical no poema inteiro: “Carestia / energia / tirania / hipocrisia / alegria / maioria / fantasia / serrania / demasia / alegoria; respirar / pulmonar / ar / inspirar / exalar / olhar / deleitar/ comprar / ensombrar / rasgar / aflorar / pensar; Árvores!... / mármores...”. Ouve-se a poesia. A disciplina do ritmo funde-se à alma, há emoção na criação que é ordenada. E da criação, à personificação, um passo. Natureza, homem e versos rompem com o cotidiano e corroboram a ideia da poesia de caráter humano, na presença da atividade fisiológica [“Falta o ar”], além daquela que já conhecemos como d’alma, incitando a interação de acordo com as variadas experiências vividas por cada um de nós.

    A aliciação é lúdica ao emprego de versos que não sabemos serem perguntas, ou respostas, ou perguntas-respostas: “Viva a hipocrisia!... / Árvores verdes são alegria?!... / Enxertadas de vendado olhar?!...”. O questionamento permanece e como tal, deve ser respeitado, através de técnicas argumentativas que provocam a reflexão: “Quem precisa de se inspirar, / Se basta uma flor para exalar”.

    A vida-poesia se abafa “Não te asfixies assim em demasia” revelando a realidade sensível d’Alma sendo negligenciada pelo cotidiano. DiVerso ilustra e ensina a “como-ver”, mas é nossa imaginação que a reanima [“É apenas mais uma árvore em alegoria”], porque o solo é fértil de mistérios à condição da essência poética: “Pintada na extinção do papel que te quer rasgar!...”.

    Papel, folhas e letras encontram-se à espera de paginação: “Árvores!... / Essa vida que dizem aflorar... / Sob milionários mármores...”. Ou de uma pergunta a ser respondida na consciência que exala odores que não correspondem à estação do ano. Ao contrário.

    Metade homem e metade árvore complementam-se à poesia que fica para além da paisagem onde plantamos passos e pensamentos, e que ela possa florescer e frutificar o discurso poético e científico “Dá que pensar!...” na perspectiva que se faz urgente à ação ambiental.


    ¬
    Boa semana!

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