quarta-feira, 2 de março de 2011

Vento de Esperança

.
.
.

Não foi o vento frio de Esperança,
Que da Esperança, minha Esperança voou,
Não foi a liberdade de minha asa que ficou,
Na quietude da outra asa silenciosa e mansa
Adormecida num translúcido olhar que amuou,
Cansado olhar alcalino que já não cansa!...


Fixado em quatro paredes de morte,
Avançam pesados sobre mim,
Sombrios epitáfios de negro recorte,
Jazigo íntimo de minha fadada sorte,
Depois do calvário curto e lento,
Longo caminho de tormento,
Tardando o vislumbre do fim,
Sem sobrepor a negação ao sim,
Chaga a luz da consciência já torpe,
Que consome a esvaída convicção forte!...

O derradeiro voo, feliz de saudade,
Do sorriso feliz de quem conseguiu voar,
É passarito frágil com asas de liberdade,
Cruzando os oceanos, cálidos de prazer,
Montanha de céu onde respiro viver,
Nuvens dispersas a desfragmentar,
Na providência da tenra idade,
Reverso químico da felicidade,
Cópia matriz de genético Ser!...

Não foi o vento da Esperança,
Que da Esperança, minha Esperança voou,
Quando meu cabelo levou!...

Anjos brancos que por mim voam,
Velocidade da Luz que por mim passa,
Trompetas floridas que boas novas entoam,
Notas vivas que as melodias da vida enlaça,
Abraço do Milagre germinado da desgraça,
Como despedidas doentes que magoam,
Nas falsas partidas que a vida graça!...

Não foi o vento da Esperança,
Que da Esperança, minha Esperança voou,
Quando meus sedosos cabelos levou,
O mesmo vento de quem alcança,
A felicidade de trabalhar a longa trança,
Do longo cabelo que voltou!...

Foi esse vento de Esperança,
Que minha Esperança renovou!...

.
.
.


15 comentários:

  1. Cena e cenário compõe a paisagem no poema fracionado “Vento de Esperança (parte 1 de 5)” que não se sabe de amor, ainda, mas sabe-se de esperança e de renovação.

    Uma estrada que não se bifurca e a frente, o empecilho: “Não foi o vento frio de Esperança, / Que da Esperança, minha Esperança voou”. O vento, símbolo da inconstância e da instabilidade, é também responsável por acidentes naturais [árvore], o movimento, entretanto, lembra-nos da energia que se renova constantemente [reflexos].

    De todas as liberdades, a maior delas consiste na autoconsciência de, como possibilidade, se tornar realizável. Para aDsorver a mensagem que contém no verso, sublinhado por contrastes [“Não foi a liberdade de minha asa que ficou / Cansado olhar alcalino que já não cansa”] precisamos nos desviar do obstáculo “Fixado em quatro paredes de morte!...” e nos beneficiarmos pelo seu reverso, que consiste na força e na renovação, inerente a todo ser humano, de não perder a esperança, jamais.

    Poesia e leitor aguardam a continuidade dos versos, que por certo resultará na revelação de uma e no enriquecimento de outro.
    ¬

    ResponderEliminar
  2. ... e alguem chegou junto do poeta

    e disse-lhe
    Levanta-te
    e ele começou de novo a sonhar

    ResponderEliminar
  3. Que esse vento leve e traga o amor junto a Esperança...abraços de bom dia.

    ResponderEliminar
  4. Sempre muito bons os seus textos. Abraço. E muita inspiração.

    ResponderEliminar
  5. Um passo à frente e outra estrofe. “Avançam pesados sobre mim” e a esperança, antes musa, ou personagem principal, pede tempo ao vento e desce à plateia.

    A linguagem fúnebre dos versos que sucedem ao uni[verso] não revestem o poema de dor. Há o luto, ainda que precoce, condicionado pelo vazio do meio “Vento’ e há a melancolia, que provém do vazio de nós mesmos. A serenidade d’Alma, entretanto, envolve os versos de poesia e sonoridade, adiando que o sofrimento advenha do vazio-melancolia, na falta ‘de Esperança” [“Tardando o vislumbre do fim, / Sem sobrepor a negação ao sim”], mas não se exime de reconhecê-la: “Chaga a luz da consciência já torpe”.

    A ilação dos poemas de A. depreende da atenção aos seus significados. É imprescindível que sua leitura seja anímica, e a julgar pelo discurso poético, a pretensa melancolia desfaz-se nas rimas: ‘recorte / sorte’; ‘lento / tormento’.

    À continuidade do poema reside o alinhamento de propostas e reflexões, onde cada estrofe, por mais auto-suficiente que seja, é sempre dependente da outra, na [soro]concordância, ou não, próxima ou anterior, até atingir seu desfecho. Um dos fatores, inclusive, que justificam o encantamento pela poesia DiVersa, que acaba se transformando em histórias, contadas ou vividas, pouco importa, mas possibilitando sempre a aprendizagem e a identificação.

    Nota-se, porém, em “Vento de Esperança (em construção)” que essa dependência não se dá de maneira absoluta. Em cada estrofe há uma identidade e há a correlação entre elas, mas ao mesmo tempo, a dependência se manifesta como o movimento permanente do vento, e neste caso, sendo o uniVerso DiVerso, é constante, como uma brisa: “Que consome a esvaída convicção forte!...”.

    E para que a reflexão prossiga, há o ponto exclamação e as reticências.

    ¬
    [Parte 2/5]

    ResponderEliminar
  6. Wallpaper:

    A prevenção ao Câncer de Mama nunca tardia e indispensável. Essencial à vida e à sua qualidade.
    ¬
    Uma boa causa, por uma melhor causa.

    ResponderEliminar
  7. A poesia ganha asas e conquista o céu [“... com asas de liberdade”], revelando-se através do movimento, volta ao tempo e resgata a trajetória poética da juventude, reforçada pelo desejo de aventura, de liberdade, na ânsia de se alcançar a felicidade.

    A renovação do vento traz consigo a inovação na forma de exprimir sensibilidade, pele e carne fundem-se, a experiência, senão pessoal, é conhecedora de forma íntima.

    E, curioso, é que, à medida que a poesia revela-se, traduz-se a autenticidade de sua autoria, suscitando poesia-criador-criatura sem distinção de um ou de outro. Desvenda-se, então, parte do mistério e do milagre da vida que habita o universo d’Alma.

    Com ponto exclamação.

    ¬
    [Parte 3/5]

    ResponderEliminar
  8. Um belissimo final de semana pra ti meu amigo,,,abraços.

    ResponderEliminar
  9. Pois é, moço...rs

    Que saudades de suas ponderações...
    Sempre tão cônscio de todas as coisas...rs

    Como falar ou comentar sobre esperança, quando as minhas andam tão fragmentadas...

    um beijo!

    ResponderEliminar
  10. Uma feliz final de semana.
    Parabens pela béssima poesia
    muitp linda.
    Um abraço carinhoso,Evanir..
    http://aviagem1.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  11. E agora, que o poema deixou de ser fragmentado e assume a totalidade da poesia, à espera da leitura-sentido e de seu desvendamento, a compreensão, da intenção.

    “Vento da Esperança” é um poema de amor. Um amor, não entre um homem e uma mulher, mas um amor na prevenção de doenças e na promoção da saúde. Um amor pela vida.

    O câncer de mama e a prevenção [wallpaper]. O câncer e o medo. O tratamento e os efeitos colaterais. A vitória. A vida.

    Cada verso, quando re-lido sob a perspectiva da doença-tratamento, tem seu sentido completamente alterado aos comentários anteriores.

    Peço desculpas.




    ¬
    A imagem visual [d’Alma] continua sendo uma característica marcante na linguagem textual [d’Alma].

    ResponderEliminar
  12. Caro POETA;
    Um poema profundo, quer no tema, quer na forma.
    Quando a esperança da vida está quase extinta, o vento da Esperança renova-a para que a sua luz não se apague.
    É um prazer e um privilégio, ler a sua poesia de grande qualidade.
    Um forte abraço.

    ResponderEliminar
  13. Muito bonita a homenagem, no Mês Internacional das Mulheres, dedicada a elas. Original e poética!

    Bom Carnaval!!

    ResponderEliminar
  14. Poeta

    Passo por aqui muitas vezes...sem comentar, apenas sentir os teus poemas e hoje que queria comentar este poema deixou-me sem palavras...leio apenas em silêncio e vou.

    Beijo
    Sonhadora

    ResponderEliminar
  15. Perdoe...a minha frieza, o meu cinismo no meu "outro" comentário.
    Fui parva, fui desnecessariamente mesquinha.
    Nenhum de nós dois podia imaginar...certo?

    Mesmo assim peço que me perdoe a minha arrogância na resposta que lhe dei. Perdoe.

    Vi, pelos comentários, que nem todos se aperceberam do sentido do seu poema... (acontece tanta vez)...
    E então sentimo-nos ainda mais sós na nossa luta.

    Perdoe!
    BShell (Isabel)

    ResponderEliminar