Ignorado,
Escondido,
Odiado,
Temido!...
O medo de o ter,
Medo de não o deter,
Não senti-lo a nascer,
Senti-lo a crescer,
Senti-lo vivo no ser,
O medo de o saber,
E saber,
Querer viver,
E viver,
Querer ganhar e não poder,
Apostar a vida e perder,
Fogo infernal e o sofrer,
A vida a arrefecer,
A vida e não a ver,
Medo de morrer,
Morrer sem querer,
Querer morrer,
E morrer!...
Num dos lados da consciência,
Distante do lado que havia sucumbido,
Aproximação de todas as dores da
penitência,
A lonjura da saudade que não havia
morrido,
Ablativo sem dó, o remorso e
reminiscência,
O
sangue, o fim do sangue, o fim sofrido!...
Sangrado das pústulas que ficaram,
O alcatrão espalha-se sobre a verdura,
As pústulas da morte e morte da postura,
A terra arável, as sementes que
germinaram,
Os monstros de betão que lembranças
esmagaram,
Lembranças de sementes livres da
ditadura,
Sonhos livres das moléstias violentas,
A impiedade densa da negrura,
As eternas raízes virulentas!...
A dissecação do crânio vazio,
Vaso ósseo do mais negro corrimento,
Escorre sobre o abafado céu bafiento,
Inferno mórbido exalando bafio,
Cérebro de morte sedento,
Até ao fim!...
E a pergunta inocente,
Pai, porque somos assim?!...
Inocência final e descrente: