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Eu
sou o rio,
Sou
o pescador,
Eu
sou quem me rio,
Do
rio que se ri de mim,
Rio sem nascente, rio sem fim,
Rio sem nascente, rio sem fim,
A transbordar de um cacifo vazio;
Cheiram
as sujas águas a abafado bafio,
Aprisionadas
num oceano de tratado fedor,
Há
centenas de esfomeadas trutas ao dispor,
Lançadas à fome por um pescador tardio!...
Acordaram
as trutas muito cedo,
Dizem
que algumas nem dormiram,
As
trutas não sabem morrer de medo,
Morreram
no cemitério onde caíram
Resignadas,
entregam-se sem luta,
E
muitas outras do rio saíram,
Salvas pelo azar de truta!...
Há um pescador aborrecido,
Há um pescador aborrecido,
Em
sua pasmaceira absoluta,
Do espírito da pesca desprovido!...
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