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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Coisas e Tal... do Fado


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Cantas o que eu canto tão mal,
Com dor na voz de quem canta,
Salgas as vozes do mar com sal,
O mar dói na tua voz, coisa e tal,
    É a voz da tua dor de garganta!...

Deixo navegar esta minha voz,
Nas tuas ondas de mar salgado,
Há este grande rio em todos nós,
Que leva o nosso canto até à foz,
    Coisas e tal do nosso triste fado!...

Canto mal como quem canta,
Canto muito mal mas sou feliz,
Dói-me a voz que não encanta,
Calo a voz que não se espanta,
  Com a tua voz, como quem diz,
     Que diz ser só dor de garganta!...

Continuo eu neste triste canto,
A cantar as dores do nosso mar,
E o doce sal, para meu espanto,
Coisa e tal, cantando, entretanto,
Canta as lágrimas que vai salgar,
   Para fazer doce o nosso pranto!...

Minha voz que continua a doer,
Não se cala à voz que se adianta,
Canta o triste fado sem o saber,
E antes que me mandem foder,
   Digo que é só dor de garganta!...

É grande a dor dos maus fadistas,
Já não cantam as dores de Portugal
Por tanto doer não os levam a mal,
Sentem o fado para dar nas vistas,
    Cantam alheios à dor e coisa e tal!...

Coisa e tal, ponho-me a pensar,
Se eu não podia cantar o fado,
Mesmo sem saber cantar,
  E nunca ter cantado!...
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Que se fado...


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Que se... fado,
Esse vosso sentimento viciado,
Que anda a enganar no estrangeiro,
Tristes espectáculos a troco de dinheiro,
Uma dor fingida que é engano desalmado,
De um Português sentimento degenerado!...

Do canto da Alma Portuguesa,
Ao contrafeito fado mercenário,
Vai o capitalismo revolucionário,
Ajustando cordas com esperteza,
Àquela voz mimada na nobreza,
Mas não à voz do povo solitário,
Que é fado de um fado solidário!...

Se foi este o destino traçado,
Da Saudade que nos vai no peito,
Então, com todo o merecido respeito,
Que se foda esse vosso fado!...

Uma fadista só no palco,
É estrela em pó-de-talco,
Boca de língua sem aval,
Fado decalcado lá do alto,
 Saudade tão sentimental,
Que deixa em sobressalto,
A Alma deste Portugal!...

Anda o fado nas bocas finas do caviar,
Como se a voz do povo se tivesse finado,
Só as doutoras estão autorizadas a cantar,
Acompanhadas por guitarras de falso pesar,
Se a Saudade já é um sentimento vigarizado,
Então, que se foda a alegria do triste fado!...
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