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Sirvam-me lágrimas de dor,
Em bandejas dilaceradas pelo amor,
Esse amor chorado,
Traído por sedução traída,
Traição germinada na lágrima consentida,
Pela lágrima do orgulho desprezada!
Chorem pelo sexo,
Chorem por amor,
Chorem lágrimas sem nexo,
Chorem pelo meu pensar complexo,
Por favor,
Chorem por mim!...
Ao meu choro digam sim,
Tenham pena deste meu estertor,
Escondam de vós penas de dor,
Que as lágrimas não demorem,
Mas, por favor,
Por mim chorem!
Venham ao réquiem do meu orgulho,
Retenham vossas lágrimas e saboreiem o engulho,
Afoguem-me em minha missa dos defuntos,
Para que possamos por mim chorar juntos,
Lágrimas da miserável pena, onde eu mergulho!
Cubram-me com vossas lágrimas sentidas,
Meu frio anseia por vossas lágrimas fingidas,
Afaguem minha esforçada vergonha serena,
Com texturas de vossas lágrimas de pena,
Fertilizante fracassado de lágrimas imerecidas,
Corpo meu de onde germina uma açucena!
Façam-me sentir vossas lágrimas desdenhosas,
Tocando o útero de minhas lágrimas manhosas,
Para que fodam a pena que a pena tem de mim,
E me fecundem as veias onde voam mariposas,
Em doces voos carpideiros de choro sem fim,
Asas do não em prisioneiras asas do sim!
Todas as lágrimas são belos presentes,
Olhos de água de falsas penas risonhas,
Onde voam lágrimas de penas enfadonhas,
Entre pingos, insípidos de sal, imerecidos,
Prenda de pena desavergonhada de vergonhas,
Acabando desprezada na pena dos amigos!
Secaram agora todas as lágrimas alheias,
Hipocrisia amiga de simpáticas lágrimas feias,
Quase afogaram minha esquecida beleza,
Chorando desdém sobre minha tristeza!...
Escondam de vós as penas de dor,
Que as lágrimas não demorem,
Mas, por favor,
Por vós, chorem!
Aquelas açucenas brotadas de meu corpo,
Regadas com aliviadas lágrimas de pena,
Ressuscitam o olhar do meu olhar absorto,
Esperança desmedida de uma lágrima pequena,
Que zarpa do olhar daquele abandonado porto,
Navegando a liberdade em tempestade amena!
Escondam os olhos das penas de dor,
Que as lágrimas não demorem,
Mas, por favor,
Por mim,
Antes do fim,
Não chorem!
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Escondam os olhos das penas de dor,
ResponderEliminarQue as lágrimas não demorem,
Mas, por favor,
Por mim,
Antes do fim,
Não chorem!
Nossa que poema mais lindo .
AH!!O amor sempre o amor!!
Hoje venho deixar-te mum carinho.
Uma linda quinta beijos carinhosos,Evanir.
www.fonte-amor.zip.net
Amie Adorei o poema .
Assim como o conhecimento é ilimitado, porque é provisório e deve fazer parte de uma busca permanente, os poemas também precisam nos ser apresentados mais de uma vez. E mais de uma vez lidos.
ResponderEliminarLer é um direito universal. Um bem que nos é proporcionado e que não devemos desperdiçar. “Réquiem” estreia o uniVerso d’Alma no poema que não nos convida às lágrimas antes do fim consumado.
Mais, muito mais que um poema d’Alma, ele vive e Re-vive de verso em verso e imortaliza seu pensar e seu sentir. É d’Alma.
Sem compreensão não atingimos a poesia. É preciso aprofundar a temática que provoca uma complexa visão da realidade: “Traído por sedução traída, / Traição germinada na lágrima consentida”, na concepção estética que segue no ritmo a descrição dos sonhos como a representação sublime dessa mesma realidade, no princípio que tem origem no prazer de se fazer a arte na A.rte poética.
No poema, que mais parece uma canção de amor ao ritual funerário, os versos alimentam a imaginação d’alma [“Meu frio anseia por vossas lágrimas fingidas”], correm livres e suscitam uma cadeia de ligações íntimas e pessoais, intransferíveis, que dificilmente será esquecida, porque faz sentido através da singeleza de seus versos bem dispostos, numa linguagem muito bem construída, ao gosto romântico e diVerso e devidamente trabalhados para evitar o derramamento desnecessário.
Não sabemos como será. No máximo sabemos como é: “Façam-me sentir vossas lágrimas desdenhosas”. Aprendemos a respeitar nossos mortos e nos esquecemos de respeitá-los em vida. A imagem é uma consciência. A poesia, outra. As pulsões de vida e morte reconhecem-se no espaço entre uma coisa e outra, enquanto os pontos de exclamações reluzem e favorecem a tão esperada reflexão, que só acontece quando conseguimos extrair da poesia sentido para nossa própria vida, construindo e reconstruindo referências de identidade.
N’Alma, a pausa, no ritmo quase alucinante [“Olhos de água de falsas penas risonhas”], o questionamento: se queremos lágrimas de penas ou penas de lágrimas no tempo que se finda ao seu tempo. E a afirmativa: “Mas, por favor, Por vós, chorem!”.
Mas não é aqui que tudo que resume. Nem lá, do outro lado: “Asas do não em prisioneiras asas do sim!”. Não pelas asas, mas porque a poesia d’Alma sabe bem como proporcionar o voo e também voa.
É Krystal e é DiVerso: “Por mim, Antes do fim, Não chorem!”. A serenidade e a seriedade de um poema que suborna até os mais des’Almados.
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Foi um prazer e uma surpresa agradável, encontrar-me com “Réquiem” no uniVerso d’Alma.
O amor em toda sua plenitude,,,toda sua intensidade em versos e sentidos...abraços de bom dia.
ResponderEliminarMeu caro POETA;
ResponderEliminarConfesso, humildemente, não ser possuidor de verve adequada para proferir um comentário consentâneo com a qualidade do seu poema. Em todo o caso, maravilhado, atrevo-me a classificá-lo de: NOTÁVEL.
Parabéns.
É um privilégio, para mim, continuar a ler a sua poesia de enorme valor literário.
Um forte abraço.
“...Na Razão de Pequenos Krystais... e um DiVerso!”
ResponderEliminarMata-se “KrystalDiVerso”. Renasce-se em “KrystaldAlma”.
Matar um ambiente e renascer noutro, não significou a extinção do ambiente, mas sua substituição, no comprometimento de manter-nos, seus leitores, conectados aos seus princípios, que não fogem à regra diVersa e KRYSTalina. O uniVerso d’Alma tem seu conhecimento, mas também tem aquilo que é mais importante: sua essência. Suas características principais são preservadas no mesmo cuidado e na mesma dedicação dos tempos de DiVerso e Krystal.
A diferença entre ‘ver’ e ‘olhar’ está em ‘sentir’.
Os ‘wallpapers’ postados em blogs têm como função a ilustração, permitindo o segmento da ideia principal que é sempre o texto, seja ele poético ou não.
É uma tarefa árdua e nem sempre o objetivo é alcançado.
Graças à habilidade artística e à sensibilidade de A. [de Jesus], suas ilustrações superam a intenção de coadunar imagem e poesia.
Em “KrystalDiVerso” eles mereciam uma interpretação à parte da poesia, e costumava, entre devaneios, contextualizar a DES-construção da poesia através deles.
Neste palco d’Alma encontro-me novamente com “Réquiem” e a ilustração atual diverge de seu original de junho_2009 em KrystalDiVerso, que teve seu ‘wallpaper’, entre outros [estátuas, vítimas, mulher-anjo, etc.] caracterizado por olhares descortinados de qualquer sentimento, mistos de curiosidade [vários olhos] e a pretensão poética atingia com exímia habilidade o seu objetivo: a frieza do ritual que deve ser cultivado.
E faço pausa à poesia, onde reticências com pontos de exclamação [marca diVersa] concluem que d’Alma tem tanto a acrescentar quanto “KrystalDiVerso”.
Mas marcada por um diferencial de incomparável significação: A poesia d’Alma é mais Krystal que DiVerso.
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Bem-vindo!
Um belissimo sabado pra ti meu amigo,,,abraços fraternos...
ResponderEliminarJá disse que seus comentários me emocionam. E eles me lembram uma outra pessoa. Então fica tudo tão confuso dentro de mim. A forma de escrever, de sentir e observar passados nas palavras é muito familiar.
ResponderEliminarTem uma frase no comentário que me veio quase como um carimbo do pensamento familiar desta outra pessoa.
E fui visitar os seus outros blogs e preciso recompor a alma para voltar. Voltar, sabendo lidar com tantas belezas.
Obrigada!
Simplesmente fabuloso.
ResponderEliminarUm poema de uma profundidade e envolvência fora do normal.
Há muito não lia um poema com tanta classe, com tanto sentir e de uma rima tão incomum.
É digno ler-te
Obrigada pela visita e parabéns
bjito da Gota