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Pende fatigado,
O pêndulo adormecido,
No vaivém desiludido,
Do coração descompassado,
Cumprindo seu triste fado,
De ver seu tempo cumprido!...
E no regresso que vem,
Quebra-se a corda do relógio tombado,
No roubo das horas perdidas de alguém,
Perdidas nos dias esquecidos de ninguém,
Tempo pendular de Futuro escoado,
Na memória do tempo que retém,
A esperança de voltar ao passado!
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A. de Jesus não se restringe ao momento de inspiração e pinta-nos a tela d’Alma com a sonoridade poética do ‘tic-tac’ repetitivo e monótono do relógio [“No vaivém desiludido”], incidindo respeitar seu tempo à medida que o lemos, rompendo os limites do caminho a ser trilhado, ou conquistado, no olhar experimentado ou por experimentar: “E no regresso que vem”.
ResponderEliminar“Pêndulo” convida-nos à viagem através do tempo e do silêncio que se situa no espaço entre um verso e outro. Nas entrelinhas o conflito se instala e a mesma sensibilidade que comove, descompensa [“Do coração descompassado”], porque o relógio que marca o tempo a vir, também se mostra impaciente e cansativo “No roubo das horas perdidas de alguém”.
A poesia que nasce da arte na habilidade poética das rimas, não falha. Histórias e memórias, porém, não têm o mesmo destino. O “Tempo’ na tentativa desesperada, e impossível, ‘pendular de Futuro escoado” de salvar o passado reescrevendo o futuro.
Resta-nos então a pausa. A observar a paisagem, o relógio na parede marca 10h08min e o pêndulo, que oscila entre o passado e o presente, no instante seguinte se transforma em presente e futuro.
Resgatar memórias não significa congelar histórias, mesmo quando o futuro acena “Na memória do tempo que retém / A esperança de voltar ao passado!”.
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São histórias como essas que servem de libertação.
Obrigada e bom fim de semana.
Caro POETA;
ResponderEliminarPoema intenso, profundo.
"A esperança de voltar ao passado!"
Se for para visitar as memórias de um tempo que se quer feliz, onde se possa colher ensinamentos e valores para merecermos o futuro, essa viagem ao passado valerá a pena.
De tudo que li, neste seu novo blogue, gostei imenso.
Seguramente que irei visitá-lo com a assiduidade que ele merece.
Parabéns.
Um forte abraço.
Há sempre um tempo em que precisamos de tempo...
ResponderEliminarBjs dos Alpes
Sabendo que o tempo não volta
ResponderEliminarNem que o passado retorna
O pêndulo geme a sua dor
O relógio pode parar
A corda pode quebrar
Mas o tempo segue, implacável
O futuro vem chegando
E por nós vai passando
É presente, e lá se foi, é passado
E chora o relógio tonto
De sentir mais uma vez
O futuro por ele escodado