sábado, 8 de janeiro de 2011

Verdade que Mente



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Não são teus sedutores passos,
Versos irresistíveis por tão devassos,
Que me rasgam no ímpeto de teu falo,
É esta tua Luz de meus desejos crassos,
Que em teus iluminados desejos eu embalo,
Envolvendo a Luz de teu astro do qual sou halo,
Poema denunciado na auréola de meus fracassos!

Apertando entre paredes quentes,
Penetra no segredos de teus embaraços,
A verdade da verdade que mentes!

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2 comentários:

  1. “Verdade que Mente” nasce do desejo de ser desejado, cresce no desejo sexual instintivo e morre na mentira da verdade que não se procede ao desejo concretizado.

    A tela, pintada de tons suaves, afasta qualquer exaltação de sentimento, e fria, se decompõe na história que nem é de amor, nem é de paixão, embora não deixa de ser lasciva ao ambiente que a sustenta: “Apertando entre paredes quentes”.

    A poesia de A. [de Jesus] renova-se a cada leitura, e ainda que seu único desejo seja de ser solitária, ou anônima, não lhe dá a posse do domínio por completo, porque o discurso favorece o diálogo e mesmo a uma distância segura, podemos ouvir vozes que ressoam [da ilusão] simultaneamente.

    A mentira que prevalece da decisão de modificar uma realidade, não consegue transformá-la e independente dos versos “irresistíveis por tão devassos” que não se alinham à cumplicidade da reciprocidade, e aqui o que conta não é a experiência, mas a troca que existe e insiste em resistir às divergências do “Poema denunciado na auréola de meus fracassos!”, é preservada através da intimidade conquistada.

    E resistindo, ora denunciando [“meus desejos crassos”], ora camuflando [“desejos eu embalo”] e ora negando [“verdade que mentes”], mesmo assim, “Penetra no segredos de teus embaraços” e contrai-se, rítmicas e involuntariamente na mais verdadeira das verdades.


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    Bom fim de semana.

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