quarta-feira, 8 de maio de 2013

49

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O tempo não dá garantias do 51 existir…
Por um curto instante,
Os 48 são de uma passagem irrelevante,
E os maravilhosos 16 ainda parecem sorrir,
Sorriem à ânsia dos 17 pela maioridade prestes a vir,
E veio!...
Seguiu e deixou pelo meio,
O seguir sempre em frente,
Seguido por um incerto anseio…
De repente,
O 19 passou muito rente,
E com os mais de 20 já sem freio,
Enlace aos 24 e mais uma data de brilho,
Passando, passamos a ser um três sorridente,
    E quatro quando o 28 foi ano de mais um filho!...
Vieram os 30 portadores de um certo receio,
Não se fez esperar um 31 aparente,
E os que vieram a seguir,
Seguiram adiante,
O charme dos 40 não era de excluir,
Depois dos 44 foi tempo de assumir,
Tal como o 45, o 46 foi importante…
Já em ritmo de passeio,
O 47 mostrou-se número que não mente,
Assim, de repente,
Escrevo sobre estes números que leio,
Leitura que passa pelo tempo evidente,
E, sem precisar que alguém mo prove,
Ainda antes de um 50 latente,
Recebo de presente,
   Um autêntico 49!...
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terça-feira, 7 de maio de 2013

Desejo da Brancura Serrana

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De nariz no vidro, apareceu do nada espavorida,
Todinha vestida de indutoras frescuras brancas,
Adivinhava-lhe rendas íntimas e uma sedutora liga,
Entre a meia-idade das ainda capazes coxas, perdida,
E outra de um branco sujo, exalando ácido de potrancas,
  Compradas, avulso, na lembrança sedutora daquelas ancas!...

Notava na brancura carnes amolecidas,
E sais de banho das fragrâncias silvestres,
A espuma curiosa das certezas perdidas,
Escoadas no ralo das traições cometidas,
Pelos descansados enganos dos trimestres,
Alcovitados na nobreza de passeios terrestres,
    Esses ínvios caminhos das mansões prometidas!...

Foram sempre os ventos da serra,
Que erigiram as metrópoles serranas,
Pela caridade de remeladas pestanas,
Esses cadeados de olhos sem paixão,
Caídos nas raízes dos abrolhos da terra,
Que cegos para o amor e para a guerra,
Cavavam a paz entre as pedras soberanas,
E a encrespada pele de sapo do vento suão;
E foi esse fustigar, atestado de recomendação,
Que os ensinou a lavrar o papel que ainda os ferra,
Com toda a raiva do plexo de originárias membranas,
    Enterradas no anonimato migratório da tentada elevação!...

Afinal, as serras também são cosmopolitas,
E os carros brancos não escrevem sobre granitos,
Migram entre cores indecifráveis de círculos eruditos,
Permanecendo na raiz de sempre dos abrolhos eremitas,
Que os prende às terapias das ricas e estimadas escritas,
Remédio de amor dos aprisionados sítios benditos!...

A metrópole das serranias,
Cava calos no corpo humano,
Desenterra rústicas fantasias,
E cultiva familiares simpatias,
     No recato do povo serrano!...

A moçoila de branco escorreito,
De nariz bem colado aos vidros opacos,
Procura pedras de ouro no sonho desfeito,
    E amor no reflexo dos seus espelhos fracos!...
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domingo, 5 de maio de 2013

Mãe


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Imagem terna,
Incomparável,
Eterna,
Amor admirável,
Sem idade,
Incansável,
Eternidade,
Rosto do bem,
A ternura,
A bravura,
Materna beleza,
Ser força e candura,
Natureza,
O ser única de alguém,
A singular grandeza,
     Do ser tudo e ser…
                                                 Mãe!...

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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ai Aguenta, aguenta...

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Impiedosamente curvado,
Sob as borboletas desiguais,
Ai, aguenta, aguenta…
As asas em abatimento calado,
Estilhaçadas pelas canduras fatais,
Dos fragmentos sedutores por sinais,
Pousando de futuro em futuro dourado,
Que, agora, lhe revolve o ânimo estilhaçado,
   O bater diferente das asas de borboletas iguais;
Por cada bater das asas que o eleva e sustenta,
Cai em si e tanto pesa que quase se rebenta,
E vêm-lhe aqueles esmagamentos mortais,
De quem não aguenta,
Ai não aguenta, não aguenta,
Pese embora a fantasia da igualdade,
É esmagador o pesadume da realidade,
Intenso o ardor esvoaçante que o alimenta,
E o estômago que ainda arde em humildade,
Descobre-se então de um forte bater novo,
Que renasce dessa tenebrosa tormenta,
Nas asas indestrutíveis de um povo,
Que quase tudo aguenta,
Ai aguenta, aguenta!...

As borboletas tomaram um atalho,
No estômago insurge-se uma gástrica canseira,
Da inconstância da dúvida renasce a certeza sobranceira,
   Vende-se inteiro à alma e ás borboletas, a retalho,
Quanto ao resto que de si se lamenta,
 Senta-se no que de si sobra e se tenta,
Engole as cores aguentadas de sua bandeira,
E ai que aguenta, aguenta…
Já fora pólen de flor e orgulhoso carvalho,
Ai, as borboletas que o pensamento aguenta,
     Sentindo o voo sem descanso nem trabalho!...
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