quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Enviado Especial





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O plano é ingenuamente primário,
O tempo do verbo falso concebe o falsário,
Há muito que o influente jornalismo foi comprado,
Começou por ser corrompido em vendas a retalho,
Beneplácitos, todos autorizaram o extra salário,
Depois, já com o grosso dos jornais falidos,
O jornalista foi violado pelo vergalho,
Da virgindade dos que dizem ter sido fodidos!...

Ao jornalista de um falido diário,
Pouco importa ser um reles ordinário,
Mentir com quantos salafrários dentes tem,
É detalhe corrompido de um desonesto grupo refém,
Mídia alistada na legião estrangeira de mercenários,
Bandidos sem pátria, vendidos filhos sem mãe!...

Do sonho americano,
Ao pesadelo que tomou de assalto,
O pior dos medos na mente do ser humano,
Foi-se desenvolvendo um maligno tumor insano,
Parasita que foi estrangulando a Fé n’Ele lá no alto,
Originando depressões nos inquietos em sobressalto,
Enquanto o cancro continuou seu nefasto plano!...

Há Judas criminosos em casas brancas,
Há casas da mesma cor em cada redacção,
Coloridas notícias não falam na devassidão,
Do vantajoso holocausto e suas alavancas,
Que alavancam a cancerígena corrupção!...

Onde houver um celeste hexágono,
Protegida por seis pontas da estrela do rei,
Haverá também um diabólico pentágono,
Onde se despreza a justiça da própria lei!...

Há anãs não-sei-quantos-pinto,
E anões não-sei-quantos-dentinhos,
Que são ovos chocados nos mesmos ninhos,
Se um em off diz: -Eu sei que minto,
O outro obedece às ordens do aliciado instinto,
E ambos dizem o que lhes dizem a descaminhos!...

Custam tão pouco estes ridículos actores,
São caricatos os filmes sangrentos que reportam,
Com a verdade, é verdade que pouco se importam,
São repórteres servis que protegem os ditadores,
E os deixam morrer a mando de venenosas flores,
Mentiras florescidas na morte que provocam!...

É tão fácil reconhecer os especiais subornados,
E os poderosos pés que sobre suas cabeças invocam,
O poder de os obrigar a não se sentirem enganados!...

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Caligrafia

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As letras do alfabeto brincavam divertidas,
Com a arte das canetas que as escreviam,
O metal da pena era quem primeiro as liam,
E elas vestidas de nanquim para serem lidas,
De mãos dadas com restantes letras amigas,
Faziam-se palavras que da tinta escorriam!...

Agora que os analfabetos já sabem ler,
A personalidade é uma indistinta caligrafia,
Dos professores que pouco sabem escrever,
Confundem-se com ignaros erros na ortografia,
Absorvidos pelo mata-borrão de triste dislexia,
Manchado na mancha que mancha o saber!...

As letras são agora abatidas,
Por um acordo mal reciclado,
Juntam-se as palavras corrigidas,
Ao desconhecimento de ter errado,
E aqui temos mais um erro ignorado,
Pelo carácter de culturas perdidas!...

As canetas tristes secaram nas escolas,
Já não brincam com as letras empobrecidas,
Que com as pobres palavras vivem de esmolas!...
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cem




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A Alma envolta em magnetismo,
Aponta metáforas dos significados,
Cruza as linhas de mapas desorientados,
Com agulhas de bússolas caídas do abismo,
O Norte é uma direcção sem pessimismo,
Encontrando-se a Sul dos menos avisados,
Desnorteado magneto do neologismo!...

Sendo pouco mais,
Do que palavras reais,
Não passo de uma letra apenas,
Princípio maior de realidades pequenas,
Escritas no voo picado de versos iguais,
Rimados nas asas leves de leves penas,
Ou do chumbo de outras tão desiguais,
Semelhantes desigualdades terrenas,
No modesto Céu de Cem Poemas!...

Aos poucos que lêem meus passos,
Deixo um simples A.
De Cem estreitos A.braços!...
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domingo, 21 de agosto de 2011

Quem-me-Deras


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Encontrei uma Quem-me-Dera debaixo da Esperança,
Quem me dera o que dela por mim se perdeu,
E quem por ela se perderia fora eu;
Sou Quem-me-Dera da Quem-me-Dera que não alcança,
Dera por ela em Quem-me-Deras de despeitada vingança,
Por Quem-me-Deras que em Quem-me-Deras se desvanesceu!...

Foram semeadas Quem-me-Deras entristecidas,
Em jardins de Quem-me-Deras sem cor,
Falam em Quem-me-Deras de Amor,
Quem-me-Deras por todos apetecidas,
Arranjos desflorados de Quem-me-Deras floridas,
Floristas tristes em Quem-me-Deras de dor!...

Pudera eu dar alento a Quem-me-Dera,
Não me dando a quem eu não quisera,
Querer de mim quem de ti soubera,
Quem de ti, por mim, sempre soubera Amar,
Soubera eu que partes de mim dar,
Dando múltiplos do que não me deste,
Quem-me-Deras de tua indiferença agreste,
Asfixia transbordante de quem me dera o ar,
Oxigénio vivo que de alguém fizeste,
Respirando Quem-me-Deras do que disseste,
Quem-me-Deras confessadas de teu pensar!...

Quem-me-Deras,
São como quimeras,
Quimeras de Quem-me-Deras,
Primitiva cobiça prenhe de ilusões,
Gestação traída por prometidas esperas,
Quem-me-Deras de traídas traições!...

Esquecem as Quem-me-Deras de regar o Amor,
Com o Amor de Quem-me-Deras arrependidas,
Quem-me-Deras desejadas por qualquer estupor,
Sem Quem-me-Deras no jardim de suas vidas!...

Ainda que sejas quem Quem-me-Deras não tem,
Serás Quem-me-Dera de quem a ti mesmo te dera,
Ou Terás Quem-me-Deras cobiçadas por alguém!...

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Lancinante

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Fustigado sem dó pelo amargo do malho
O corte do sabugo chora ao sabor do alho,
A carne viva arde na fornalha que entorna,
Suor e sangue a ferver no infernal trabalho,
Mordido pelo corte lancetado na bigorna!...

Retesa-se o nervo por cada golpe forjado,
Distende-se o ferro até à fractura do osso,
Saltam limalhas vivas da dor em alvoroço,
Cravando de chagas um malho angustiado,
Que punge o silêncio do metal esmagado,
Entre as dores das margens de um fosso!...

Molda-se um osso entre a carne rasgada,
Osso lascado cravado na morte iminente,
Instinto vivo espetado no olhar pungente,
Que pulsa nos fogos da fornalha sufocada,
Privada de ar por uma traqueia esmagada,
Entre a velha bigorna e o malho doente!...

Dilacerado por uma incisiva dor angustiante,
O osso laminado é um sofrimento plangente,
Que corta cada lágrima com dor lancinante!...


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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vou-te Buscar...


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Fixara-se-nos na retina,
A descendente gradação da inocência,
O carinho atrevido e curioso do teu olhar,
Irresistível Amor que ainda ilumina,
Pecados abençoados pela consciência;
Despojas-te do profissionalismo que não ensina,
A entender a razão dos sorrisos saudáveis de menina,
Recuperas os guardados sentires de Amar,
E repetes meigos apelos: -Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Falo-te de minudências da razão,
Exponho nosso Amor em gradação,
E a razão de não se degradar,
Desenho cuidadosos traços de respeito,
Com o sangue firme de nossa paixão,
Confesso-te tristezas que me ardem no peito,
Assinas meus quadros onde pintei o perdoar,
Obras-primas são teus apelos: -Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Na despedida lenta de repetidos tomos,
Há palavras que podem não voltar a passar,
Há um rio de desculpas no decurso de teu olhar,
Que corre ao encontro do meu olhar que somos,
O mesmo rio da mesma margem que fomos,
Apelo silencioso que te deixei ficar,
Quando teu apelo chorou: -Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Inocente

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Entre o gume da espada,
E a parede dentro dela erguida,
Quedou-se em estátua encurralada,
Quase derrotada por um golpe da Vida,
Mas pronta para uma derrota empedernida,
Aceitou ser exemplo de Alma trespassada,
Pela corrosão de uma injustiça afiada,
Agravo pela Justiça vencida!...

O tempo vai cobrindo de liberdade,
Vivos passados prisioneiros das horas,
O coração ainda transborda saudade,
Como se ainda não sentisse a verdade,
De ser livre para escolher as auroras,
Nascer da Luz nas pacientes demoras,
Das espadas de pedra sem idade!...

Há símbolos de justiça em evidência,
Gravados entre paredes inocentes,
E espadas polidas pela inocência!...

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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amora

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Amoras amadurecem,
Protegidas pelo verde silvado,
Morenas que não se esquecem,
 Irresistíveis que do desejo crescem,
Espinhos afiados a protegem do pecado,
Serão tão amadas sem nunca terem amado,
Por quem as ama sem nunca as ter provado!...

…Talvez os espinhos,
Sejam a provação dos caminhos,
Que na espinhosa silva demora,
O prazer de provar uma amora!...


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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sempre

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Ela sempre está,
Onde sempre estamos,
Sempre nos dá,
O que sempre lhe damos,
E quando sempre esperamos,
Que ela sempre se vá,
Pressentimo-la sempre por cá,
Sempre provando que nos enganamos,
Mas se sempre a pensamos,
Como ceifeira sempre má,
É sempre o pior do pior que há,
Ainda que sempre nos dê mais uns anos,
Nós sempre nos encarregamos,
De nunca esquecer a já gasta pá,
Com que sempre escavamos,
A cova onde sempre nos deitamos!...

Nem sempre nos ensinaram a viver,
Tudo que sempre aprendemos é morrer!...

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sábado, 6 de agosto de 2011

Classificados

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Ratinha Poética,
Procura Poema dourado,
Para futuro compromisso!...
Não interessa que seja casado,
Muito para além disso,
Não precisa ser um filho da ética,
Preferem-se estâncias de rica métrica,
Não se aceitam cheques de valor pelado,
Pode ser verso livre de viúvo ou divorciado,
E se não quiser que a ratinha dê o sumiço,
Não haverá poesia que quebre o feitiço,
De uma vingativa e ordinária dialética,
Incapaz de anular soneto denunciado!...

Poema forte, rico e sedutor,
Procura rica e moderna poesia,
Com ritmo da antiga trova vadia,
Para relação séria de futuro louvor,
Exigem-se elegantes rimas com fervor,
Sem preconceito pela falsa harmonia,
Entre a verdade e o cântico de amor,
Pronta para sustentar com alegria,
Seu novo poema e senhor!...


Procuram-se dois poéticos dilemas,
Cesurados por um par de iguais inversos,
Desavindos entre dois falsos poemas!...

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