terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vou-te Buscar...


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Fixara-se-nos na retina,
A descendente gradação da inocência,
O carinho atrevido e curioso do teu olhar,
Irresistível Amor que ainda ilumina,
Pecados abençoados pela consciência;
Despojas-te do profissionalismo que não ensina,
A entender a razão dos sorrisos saudáveis de menina,
Recuperas os guardados sentires de Amar,
E repetes meigos apelos: -Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Falo-te de minudências da razão,
Exponho nosso Amor em gradação,
E a razão de não se degradar,
Desenho cuidadosos traços de respeito,
Com o sangue firme de nossa paixão,
Confesso-te tristezas que me ardem no peito,
Assinas meus quadros onde pintei o perdoar,
Obras-primas são teus apelos: -Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Na despedida lenta de repetidos tomos,
Há palavras que podem não voltar a passar,
Há um rio de desculpas no decurso de teu olhar,
Que corre ao encontro do meu olhar que somos,
O mesmo rio da mesma margem que fomos,
Apelo silencioso que te deixei ficar,
Quando teu apelo chorou: -Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...
Vou-te buscar!...

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1 comentário:

  1. “Vou-te Buscar...” é um poema que incita-nos a vontade de embarcar de carona e seguindo de mãos dadas com a poesia, experimentar a unicidade do amor. Com uma temática essencialmente romântica, e outra vez, a experiência do olhar d’Alma comprova que a poesia é a união entre a visão e a experiência, começo, meio e fim da criatividade intelectual formadora da percepção, na história que é de amor enquanto promessa e realização de segurança, intimidade, cuidado, cumplicidade e respeito, ao encontro permanente com o amor. Da sua vida.

    Um estímulo à retina da mente e à primeira vista a única transição que visualizamos é a da linguagem, que deixa de ser transparente para se tornar opaca. O jogo de versos e inversos, porém, forma imagens a partir da ótica poética sóbria de amor, há luz suficiente para revelar a percepção da importância da comunicação através de um olhar observador, mas, sobretudo, amoroso [“Fixara-se-nos na retina, / A descendente gradação da inocência, / O carinho atrevido e curioso do teu olhar, / Irresistível Amor que ainda ilumina,”].

    Nem pecados. Nem pecadores. Não é fácil ser puro num mundo tão impuro. Mas é possível. Há a bênção, e nela à razão da consciência, a difícil arte de convivência superada pela constante aprendizagem da entrega materializada em ações que consolidam o amor como um sentimento incandescente [“Pecados abençoados pela consciência;”].

    Um ponto e vírgula destacam-se dos demais versos e chama a atenção para a ‘menina/mulher’. Crescimento com responsabilidade e o amor como prioridade [“Despojas-te do profissionalismo que não ensina, / A entender a razão dos sorrisos saudáveis de menina, / Recuperas os guardados sentires de Amar,”], no caminho da felicidade a busca torna-se urgente: “E repetes meigos apelos: -Vou-te buscar!... / Vou-te buscar!...”. Nenhum desencontro. Nem poético. Nem amoroso. No saber, com serenidade, está o encontro que vence toda e qualquer dificuldade, onde alguns elementos são essenciais à manutenção do amor.
    A segurança: “Falo-te de minudências da razão,”.
    A intimidade: “Exponho nosso Amor em gradação, / E a razão de não se degradar,”.
    O cuidado: “Desenho cuidadosos traços de respeito, / Com o sangue firme de nossa paixão,”.
    A cumplicidade: “Confesso-te tristezas que me ardem no peito,
    O respeito: “Assinas meus quadros onde pintei o perdoar,”.
    E o resultado: “Obras-primas são teus apelos: -Vou-te buscar!...”

    [“Na despedida lenta de repetidos tomos, / Há palavras que podem não voltar a passar,”], chama e luz que nasce da emoção, atravessa a razão e termina na mesma emoção, um privilégio, não poético, mas de uma vida poética, onde se lê ternura na discordância passageira, e perdão e esquecimento [“Há um rio de desculpas no decurso de teu olhar, / Que corre ao encontro do meu olhar que somos,”] no bom senso [“O mesmo rio da mesma margem que fomos, / Apelo silencioso que te deixei ficar,”] que prevalece sobre o sentimento [“Quando teu apelo chorou: -Vou-te buscar!...”].

    Com equilíbrio, a repetição [“Vou-te buscar!... / Vou-te buscar!... / Vou-te buscar!...”] predomina intencionalmente a humildade, na lembrança de que a felicidade é percurso, via, estrada e encontro, numa viagem a dois, de preferência, convincente sobriedade que abraça e consagra o verdadeiro amor, d'Alma.


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