terça-feira, 16 de abril de 2013

Filhos das Tristes Ervas

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Entre as sombras das linhas e o advérbio invisível,
Esgueira-se na noite uma verdejante alma sensível,
Longe dos caminhos perdidos das eruditas catervas,
Modificando os sentidos de um sofrido verbo risível,
No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
Amenizando intensidades de tempos sem reservas,
Circunstâncias indicadas no pensamento concebível,
Gravado a fogo na fria capa por platina das minervas,
      Favor que queima a pele dos filhos das tristes ervas!...

Entre linhas sombrias e o invisível advérbio solitário,
Brilha o olhar cabisbaixo da vergonha e seu contrário,
Infâmia de um penitente, inocente de sua condição,
Essa pobreza quase daninha em consagrado glossário,
Léxico rejeitado nos abandonados ermos de perdição,
Onde crescem arcaicos termos adverbiados de rejeição,
Verdes a ervas sempre verdes na esperança do corolário,
Proposição lógica de impoluta Alma por justa asserção,
    Culpa evidente da inocente erva dada à luz na redenção!...

No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
     Vivem inocentes, os solitários filhos das tristes ervas!...

Conspiram nas searas perdidas as gramíneas virulentas,
Pintando céus azuis com arrebatadas opiniões cinzentas,
De pungidas lembranças dos silenciosos galrachos parasitas,
Desenham-se veracidades sobre testas de ferro truculentas,
Lavando o rosto de aparentes chupins de si mesmo eremitas,
Despindo inverdades danadas na lavra de insuspeitas desditas;
Restou todo um céu celeste sem as falsas palavras nebulentas,
Revelando fracas ervas pelo valor de uma erva mágica sedentas,
Magia que da pobreza nasceu como ervas de ouro descritas!...

Voam entre reis, caminhando no seio das pessoas benditas,
Respeitando o modo de ser das palavras, suas humildes servas,
    E vivem felizes na inocência de solitários filhos das tristes ervas!...
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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Órfãos da Primavera



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Uma filha órfã de uns e outros pais,
Para alimentar seus filhos pequenos,
Vendia-se a quem prometia pagar mais,
Triste era a entrega e achavam ser demais,
    Pagando a promessa por muito menos!...

Começou por alugar partes do corpo,
Aos olhos que mais partes queriam comer,
Promessas de pão com fartura fizeram-na crer,
Na necessidade de vender-se a qualquer porco,
Até nada restar do que tinha para vender!...

Quando as dezoito primaveras floridas,
Deram as boas vindas à sua maioridade,
Seus filhos já eram flores entristecidas,
    Desflorados na sepultura da mocidade!...

Campos de flores escondem a saudade,
Com as primaveras das crianças suicidas,
Ninguém evoca ter violado por caridade,
    As três Primaveras órfãs da puta da vida!...
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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Brisa de Primavera

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Bendita malícia da brisa,
Benditos seios sensuais ao frio,
Sob as copas de seda leve e lisa,
Mamilos salientes,
Desejos frementes,
Ser desejo do ser vontade indecisa,
Hesitações impacientes,
Estímulo de clandestino arrepio,
No calor desse desejo vadio,
   Que do desejo precisa!...

Entrega-se a passarita excitada,
 Ao excitado passarito que a espera,
Pressente-se inquieto e desespera,
Vibra uma brisa silvestre extasiada,
Sobre flores que afloram do nada,
    Colorindo o corpo de Primavera!...
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domingo, 7 de abril de 2013

Saber a mar!...


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Aprendera a falar ao mar bravio,
Com as águas sossegadas do rio,
Confessa ao sal não saber a mar,
E ao sol o sabor de seu desvario,
Do sentir a felicidade a desaguar,
Nos olhos onde sabia encontrar,
     Um mar de amor sempre tardio!...

Há o saber a mar,
Dos rios enamorados,
Ansiosos por serem saboreados,
Pelas línguas salgadas do sabor amar,
Amor de doces lágrimas dadas a saborear,
Namoram por diferentes sabores separados,
   Até ao beijo tardio onde se vão encontrar!...

Ao entardecer, nos tardios lábios da foz,
Unem todos os desejos em segredo,
Num único sabor de estarem sós,
Prometem-se a uma só voz,
     E beijam-se sem medo!...
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