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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A Nobreza das Mãos e das Línguas (ou dos cus)

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De sujar suas ávidas mãos,
Há quem de muito nunca se farte,
Gente muito fina de escrúpulos vãos;

Há em cada mão cinco ímpares irmãos,
Por quem, muita porcaria, a mão reparte,
Limpam o belo cu aos ricos, estes cortesãos,
    Para quem lamber ricos cus é uma arte!...

Gente fina de muita fineza,
Capazes da excepcional proeza,
Limpam magras carteira aos pobres,
Sem nunca deixarem de ser nobres,
Na arte de semear a pobreza!...

Que ninguém os roube,
Que ninguém ouse enganá-los;
Houve quem enganá-los não soube,
Alguém que soube como acusá-los,
A justiça, de tanto em si não coube,
    Lambeu-os e mandou libertá-los!...

Há línguas que me levam ao vómito,
Há lábios lambuzados com tanta graxa,
 Que há sempre aquele merdeiro que acha,
Ser o exemplo do puro-sangue indómito,
    E, apesar de ser merda, limpo se acha!...

Se para cada empregado, há um certo patrão,
Quem de vocês não conhece rastejantes assim?...
As línguas folgadas na trampa respondem que não,

   Os que trabalham por todos eles, dizem que sim!...
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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Em Estado de Emprego Constitucional

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Governado por muito roubar,
Levou o rico desgoverno a decidir,
Mais um santo dia para o povo trabalhar;
De uma tristonha segunda à feliz sexta-feira,
Dia algum sente falta de isenção da primeira feira,
Logo a seguir há o sábado e o domingo para acalmar,
Antes de segunda, há mais um dia descontado por contar,
Um desses longos dias sem descanso inventados para descontar,
O oitavo dia das novas semanas mais longas e a dedução a extorquir,
Já registado em mais uma das muitas inconstitucionalidades a constituir,
    Da constituição composta por desiguais medidas de austeridade a consagrar!...

Nada há para fazer nos gabinetes congestionados pelo vazio onde nada se faz,
Pagam-se mais de doze meses ao ano, mais as férias a troco de nada fazer,
Depois de tanto descanso, são belos os dias que nos cansam de prazer,
Somos capazes de enganar a inexistência do trabalho mais incapaz,
Ainda que a função não exista, engendra-se uma defesa tenaz,
Luta-se pela falta de trabalho como trabalho útil a receber,
De um momento para o outro há uma esperança fugaz,
Juízes nebulosos juram a velha constituição defender,
Outros piores defendem o empobrecimento eficaz,
E o espírito da pobreza que não quer entender,
Pede explicações à política mais mordaz,
    Acabando de rastos ao pé do poder!...

E vá-se lá procurar saber,
Como desta pobreza sair,
Se os há a querer entrar,
Pensando em enriquecer,
Sem pensar em contribuir,
    Com o que hão, de roubar!...

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Procura-se um óptimo emprego,
Que esteja distante de qualquer trabalho,
    Dá-se como garantia a promessa de total apego!...
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