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Há um templo onde o pecado é extenso,
Erguido com o espírito dos desorientados,
No coração de ouro há credos bifurcados,
De um lado exala sorriso doce do incenso,
Escolhido pela ostentação dos ataimados!...
Entre a alegria das crianças que se
abraçam,
E os vis pecados que na sombra espreitam,
Protegem-se celibatários que se enfeitam,
Com os infantis bracitos que se
adelgaçam,
Entristecendo os inocentes que se deitam,
Debaixo do silêncio que as despedaçam!...
Baratas auréolas de divino incenso,
Encobrem a alma dos ataimados,
Escondem sorrisos desalmados,
Atrás do desalmado bom senso,
Vendem-se cruzes de peso imenso,
Com sangrentos pregos desaçaimados,
Acirra-se a traição dos cães de ódio
intenso,
Á bondade dos humildes, em Paz, sempre amados!...
Divinos violadores pagam com esmolas para
ver,
Esse amor servido em pecador desejo
contrário,
Profana-se a pura inocência acabada de
perder,
Deus sabe que nada sabe da obrigação de sofrer,
Por Ele vendem-se direitos sagrados do
calvário,
Ao masoquismo dos que choram com prazer,
Pela dilacerada carne no Cibório do
sacrário,
Sangue e carne de Jesus dada a comer,
Em seu sacrifício voluntário,
Que o matará para viver!...
Que o matará para viver!...
E lá vai o Homem carregado com nossos
pecados,
Em cima de cada pecado há mais um pecado
do pecador,
Que não se cansa de pecar contra si mesmo,
Nosso Senhor!...
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Através de um jogo de contrastes que se insere no descompromisso com a manifestação afetiva da compaixão e com o sofrimento de Jesus Cristo, “Incenso dos Ataimados” materializa a essência e permite que seu aroma realize uma sacralização poética.
ResponderEliminarNum poema onde o caráter moral e religioso se destaca, é de se estranhar, que a consciência do pecado numa temática de redenção, não se faça presente. Mas só até associar a imagem ao poema e relacionar que a indiferença é maximizada pela gravidade do pecado, porque a culpa, senão paga, é cobrada na própria Paixão de Cristo.
E por alguns dias, quase, quase, que me deixo vencer pela conversão daquilo que aprendi a conhecer e depreender sobre a poesia d’Alma, e por pouco não ignoro os sinais. Ou evidências de que a hipocrisia, quando coadunada com traição, tem, além do propósito da reflexão, sobrelevar a expressão de emoção espiritual.
E assim também se faz poesia... na palavra de ordem que é incomodar para despertar. Na posição invertida, ou nos papéis trocados, no leitor que se eleva à categoria de crítico e consegue de uma simples leitura, retirar sentido de um poema e garantir que ele tenha vida, fazendo dessa leitura uma prática à continuidade fora do ambiente virtual; e que sendo mais que uma chama, seja a própria revelação de uma luz; e que iluminando temas jamais ousados a serem discutidos, ou abordados, possamos nos unir, desconstruindo para construir; e nos unindo, na convergência de uma afinidade a uma oposição, possamos permitir que novos sentidos sejam atribuídos à nossa vida; e só então, que saibamos dar graça por todas as palavras, ou versos, bem-ditos.
Santa sexta, A.