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A Liberdade de expressão é uma concessão
ilusória, capaz de levar pequenos círculos de parvos a um estado de delirante
gratidão e desarme, perante as mãos provisórias de um extenso círculo invisível
de poucas pessoas, na certeza absoluta de ambos os círculos não terem o fim de
linhas à vista!...
O Desafio tem por objecto,
Encontrar alguém que invista,
No consagrado direito que lhe dão,
Por troca de tida a liberdade expressiva,
Bem expressa na liberdade de expressão,
Exprimível direito ao alívio da acusação,
Por um qualquer expressivo activista,
Rosto da honestidade que resista,
À imposta opinião decisiva!...
Os carneiros com direito à opinião e voto
no rebanho, assustados pelos propalados dentes afiados do lobo, sempre com os olhos
do pastor sobre elas, votam por unanimidade no cão que as guarda ou as entrega,
por alegado descuido ou intenção!... Linhas invisíveis formam pastagens em
círculo, tendo como limite o limite de outros círculos, à volta dos quais se
ergue a alta voltagem do choque, em casos de opinião desfavorável ao cão e seu
dono amado!...
É preciso manter o açúcar em ponto de
tendências constantes,
Porque há direitos açucarados na doçura
do rebuçado,
Rasurados pelos irresistíveis sabores
exprobrantes,
Que permitem deitar à cara verdades com
significado,
Todavia, em vias de ver-se tudo continuar
como dantes,
Expressa-se a liberdade ao sabor de
corruptíveis instantes,
Ignorando o verdadeiro rosto que devia ser
exprobrado!...
Sabem de maior silêncio do que aquele que
sai das mãos dadas dos bonecos recortados no seu papel em branco, vincado por
milhões de pregas?!... De braços abertos e unidos pelas mãos, sem escolha,
recortados às tesouradas azuis em vez do azul dos lápis que consagravam o valor
da Palavra e das Palavras interditas a valores superiores a si mesmas e outras
menores!...
Porque na verde esperança de círculos
maiores,
Os pastos continuam nas mãos dos
pastores,
Com prados verdes de amadurecidos
favores,
E os lobos com focinho de cães
atentatórios,
Não passam de inexpressivos pormenores,
Apagados por distrativos exprobratórios!...
Ainda não acreditam nos tabuleiros
circulares onde contratos aleatórios são jogados à volta de um xadrez cercado
por uma insaciável circunferência sem limites; chegados a esse ponto, como
estado de coisas, todas as peças estão sujeitas ao raio das linhas que as
atravessam, estejam elas no centro ou no limite impossível!... O diâmetro das
ditas duras não se desvia da ditadura que dita as regras do jogo, por isso quer
ir sempre mais longe, ao encontro do limite do círculo. Do preto para o branco,
do branco para o preto em diagonais estranhas!... Continuam em não acreditar em
tabuleiros de xadrez circulares que apertam o cerco aos peões empurrados para a
frente da batalha?... Tudo se move em direcções diferentes mas só ao peão não é
permitido regressar e acaba por andar às voltas sem sair de sua casa, também
circular, com a cabeça à roda. Mais fraco, embora em maior número, esgota-se na
obrigatoriedade de um movimento global!...
E é nos círculos doentes do tabuleiro,
Que o risco da doença e da cura são tal e
qual,
Semelhante aos sedentos de poder e
dinheiro,
E às acusações deitadas à cara pelo mesmo mal!...
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Sem comentários; este o pormenor que vou minorar. Não que um mau comentário não seja pior que comentário nenhum, excepto perante a crença de o mal… estar na ignorância, reflectida na ausência. Façamos da presença uma bandeira branca, um aceno vazio, como a Paz... deixada em paz. A., abraço, a_braços!!
ResponderEliminarUm poema em prosa, e d’Alma define pela complementaridade o pessoal com o coletivo, e a poesia, crítica social num ambiente de medo e frustração que domina o país, tem o comprometimento com um ideal de liberdade. Uma liberdade que tem como característica principal sua própria qualidade humanista, mas também, e principalmente, a de um homem inserido num contexto de crise, portanto, “Liberdade Exprobratória” nada mais é que uma imagem refletida de um momento atual, e urgente em ser denunciado.
ResponderEliminarEntre os versos, a crônica. E tenho a impressão de estar dialogando com o poema. Ou monologando. Porque o que fica, ou o que retenho, é tão meu, e tão absurdamente silencioso que não cabe uma colocação. Ou posição. Ou nada que até aqui não tenha sido dito, ou não admirado. Por excesso de leitura, sem conclusão.
Mas d’Alma segue fazendo poesia. Inclusive quando faz crônica. Ou história. E sou impulsionada a comentar o que me cala. Ainda que pela ausência de palavras. E tenho uma verdade atirada à face. À minha face. Razão e sensibilidade não almejam um perfil, mas um prognóstico, e como tal, devem ser recebidas no silêncio da voz. Um novo tempo, talvez.
Bom fim de semana.