segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Diziam...



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Diziam que era um Poeta,
Quem sabe, um predestinado,
Houve quem o tivesse idolatrado,
Ciente de uma estranha poesia indirecta,
Encontrada na partida o alcance da meta,
Pobre destino do poema segregado!...

Ah, se quem admira soubesse ver,
Se soubessem distinguir as vendas… do olhar!...
Ah, se tivessem ensinado os que dizem sem pensar,
Se soubessem que entre as linhas há entrelinhas por ler!...
Ah, essas linhas escondidas que poucos souberam escrever,
Pontes de versos que entre fantasmas das linhas vão continuar!...

Diziam que era um misterioso Poeta para lá da Poesia,
Que tinha versado a Alma para lá da alma de todas as linhas,
Um plebeu, como alguém disse, que destronou palavras rainhas,
Há quem fale da Alma eterna que entregava às palavras que escrevia,
Certos Poemas afirmam que o Sol de certas noites, claros dias escurecia,
Outros juravam leituras de ter visto o Poeta voar no enigma das adivinhas,
Só ninguém sabia ao certo onde a Alma de sua inspiração dormia!...

Diziam que dizia,
Que os verdadeiros Poetas eram piolhosos menores,
Aprisionados na louca Alma da Poesia,
De universos maiores!...

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2 comentários:

  1. ¬
    ‘Contado’ do verbo contar, no sentido de narrar, ouvir dizer, para justificar o título do poema: “Dizem...”.

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  2. Uma afirmativa à suposição [“Diziam que era um Poeta,”] que reflete no próprio caráter do poema e no modo de como a narrativa é apresentada, e a suspeita abre caminhos para a reflexão e para a imaginação, que, eleito como tal é adorado [“Quem sabe, um predestinado,”]. Mas, à ação consciente [“Ciente de uma estranha poesia indirecta,”] de sua razão, mantém na humildade, fonte de sua sabedoria, a disposição em aprender e deixar fluir no solo fértil de sua alma a boa semente da poesia. Não se colocando numa posição de superioridade, o orgulho, quando existe, é pelo fato de ter seu objetivo alcançado sobre o material poético [“Encontrada na partida o alcance da meta,”], e mesmo assim, aquém da vaidade e de uma produção satisfatória [“Pobre destino do poema segregado!...”].

    A poesia constrói e REconstrói o mundo, através dela semeia-se a paz e busca-se a compreensão, contemplando sensações e olhares [“Ah, se quem admira soubesse ver, / Se soubessem distinguir as vendas… do olhar!...”], porque não contém no caráter poético dos detalhes a expressão dos gestos, mas os sentimentos implícitos que elaboram as emoções [“Se soubessem que entre as linhas há entrelinhas por ler!...”] habitando as linhas da imaginação [“Se soubessem que entre as linhas há entrelinhas por ler!...”]. Entretanto, não disponível a todos, [“Ah, essas linhas escondidas que poucos souberam escrever,”] e que, de certeza, assim vai permanecer, formando lacunas e deixando espaços em brancos [“Pontes de versos que entre fantasmas das linhas vão continuar!...”], pela distância que existe entre o poema e a poesia.


    Muitos são os mistérios [“Diziam que era um misterioso Poeta para lá da Poesia,/ Que tinha versado a Alma para lá da alma de todas as linhas,”] da alma poética que caminha pelo mundo dos sensíveis [“Um plebeu, como alguém disse, que destronou palavras rainhas,”], além da harmonia, além da melhor composição, o poeta encontra-se com as linhas da imaginação para contar nas entrelinhas a realidade e todo o mundo dos afetos [“Há quem fale da Alma eterna que entregava às palavras que escrevia,”], sendo luz à escuridão das noites e noites à claridade dos dias, [“Certos Poemas afirmam que o Sol de certas noites, claros dias escurecia,”]. Outras vezes, muitas vezes, asas [“Outros juravam leituras de ter visto o Poeta voar no enigma das adivinhas,”] de uma vivência experiente, porém, mantendo os segredos de onde essa experiência repousa, se nele próprio, ou no próximo [“Só ninguém sabia ao certo onde a Alma de sua inspiração dormia!...”]. Ou em ambos.

    Desmitificados, [“Diziam que dizia, / Que os verdadeiros Poetas eram piolhosos menores, / Aprisionados na louca Alma da Poesia,”], Poetas, Poetisas e Poemas, e o uniVerso [“De universos maiores!...”] torna-se um lugar, um bom lugar, para se CONviver com a poesia irrestrita e incondicional.


    ¬
    E assim, concluo meu comentário no poema “Dizem...”, não porque tenham me contado, mas porque foi assim que eu li.

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