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No chão onde a Primavera já foi um trono,
Desmaiam as cores abandonadas do Estio,
Branqueiam corpos moles caídos de sono,
Caem folhas secas deixadas ao abandono,
Sobre a nostalgia da terra seca em pousio,
Manto de folhas de quem pressente o frio,
Preguiça de uma vaga tristeza de Outono!...
Distantes cores de uma próxima Primavera,
Despontam numa nova primavera distante,
Melancolia que é das distâncias consoante,
Primulácea outonal que por ambos espera,
Veio de folha oculta na folha de uma amante,
Sentir primaveril dos Outonos que lhe dera!...
Nos sorrisos saciados das árvores nuas,
O Outono é sépia da Primavera que lhe era,
Folhas caídas que renascem sempre suas!...
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... um apeadeiro
ResponderEliminarpara as belas tempestades
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ResponderEliminar.
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o poema começa e continua
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Abç
F
Dois mundos distintos para duas estações do ano de climas diferentes e a natureza da poesia d’Alma, não só ignora todas as diferenças, como as aproxima com o poema “Outono”, que tem a nostalgia própria da estação, a atmosfera seca do estio e o frescor da primavera, e transformando o infértil em fértil, o seco em molhado e a ventania em brisa, converge para uma poesia de afeto e abrigo, onde o invisível é o objetivo e o subjetivo é visível, particularidade da poesia diVersa, tornando-se assim, de visibilidade compreensível e admirável, numa poesia que é um tributo à natureza e ao amor.
ResponderEliminarFoi-se o tempo da primavera, que, por seu perfume e flores, é o reino do amor [“No chão onde a Primavera já foi um trono, /Desmaiam as cores abandonadas do Estio,”], o outono da paisagem reflete-se num ambiente nostálgico [“Branqueiam corpos moles caídos de sono, / Caem folhas secas deixadas ao abandono,”], em que a terra em descanso, ou abandono, remete-nos à solidão [“Sobre a nostalgia da terra seca em pousio, / Manto de folhas de quem pressente o frio, / Preguiça de uma vaga tristeza de Outono!...”] que busca consolo e abrigo na primavera futura e distante [“Distantes cores de uma próxima Primavera, / Despontam numa nova primavera distante,”].
A terra para florescer demanda cuidados. A água, tão esperada pelo outono e pela primavera, e provocada pela estação intermediária entre um e outro, é o agente auxiliar das transformações, e tanto de natureza humana, quanto poética, porque a mesma água que favorece o plantio é a que funciona como a catarse da alma [“Melancolia que é das distâncias consoante,/ Primulácea outonal que por ambos espera,”]. Não há fruto sem amadurecimento. Nem há flores sem a inspiração de um jardineiro [“Veio de folha oculta na folha de uma amante,/ Sentir primaveril dos Outonos que lhe dera!...”], ou de um artista, seja ele Poeta, ou não.
As folhas, como metonímias da natureza e da alma, caídas [“Nos sorrisos saciados das árvores nuas,”] não permitem que a alma viva à sombra de um tempo [“O Outono é sépia da Primavera que lhe era,”]. A natureza dialoga com a poesia e dura além de seu próprio tempo, transcendendo a beleza da arte e da luz. De toda a luz que emana da poesia d’Alma e que renasce todos os dias no repouso sereno dos uniVersos imaginados [“Folhas caídas que renascem sempre suas!...”].
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