terça-feira, 6 de setembro de 2011

Passos de Coelho


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O andamento já não acredita em passos,
Tolhe-se ao abismo que galga o movimento,
Os caminhos atados ao nó dos alentos lassos,
Descambam em desatados mentirosos crassos,
Coelhos doces revestidos de milagroso vento,
Correm feitos lebres no tolhido pensamento,
Dos afectos populares de quebrados laços!...

O fogo já foi encomendado,
Pelo ferro cansado e retorcido,
Abriu a caça ao coelho descarado,
Confiando no costume abrandado,
Brando. o conquistador adormecido,
Julga estar dos caçadores protegido,
A exemplo do outro recente passado,
Golpe traidor que não será esquecido,
Por este Povo com desprezo roubado,
E de orgulho profundamente ferido!...

Pior do que um caçador licenciado,
É um desnorteado caçador sem licença,
Pior ainda é o vaidoso coelho que pensa,
Ser coelho que nunca vai ser caçado!...
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2 comentários:

  1. Meu caro amigo Poeta;
    Já era tempo do caçado virar caçador. Pode ser que...
    Gostei deste magnífico poema, com a mesma chancela de sempre; QUALIDADE.
    Abraço.

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  2. O poema “Passos de Coelho” destaca-se pela argumentação crítica ao poder aliada à má administração pública de um homem que não teme ser responsabilizado por seus atos.

    Aberta a temporada à caça, o prato principal, ou a arma principal, é um cenário de sátira política, onde a poesia não é objeto de uma simples contemplação desinteressada. Uma causa política associada à qualidade literária que combina versos com imagem e encontra na realidade atual um drama de metáforas plausíveis, que, empregada no seu melhor uso, além de comprovar a militância poética d’Alma, torna-se de utilidade pública.

    E, que, por sinal, convive bem com a cidadania.


    ¬

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