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O andamento já não acredita em passos,
Tolhe-se ao abismo que galga o movimento,
Os caminhos atados ao nó dos alentos lassos,
Descambam em desatados mentirosos crassos,
Coelhos doces revestidos de milagroso vento,
Correm feitos lebres no tolhido pensamento,
Dos afectos populares de quebrados laços!...
O fogo já foi encomendado,
Pelo ferro cansado e retorcido,
Abriu a caça ao coelho descarado,
Confiando no costume abrandado,
Brando. o conquistador adormecido,
Julga estar dos caçadores protegido,
A exemplo do outro recente passado,
Golpe traidor que não será esquecido,
Por este Povo com desprezo roubado,
E de orgulho profundamente ferido!...
Pior do que um caçador licenciado,
É um desnorteado caçador sem licença,
Pior ainda é o vaidoso coelho que pensa,
Ser coelho que nunca vai ser caçado!...
Meu caro amigo Poeta;
ResponderEliminarJá era tempo do caçado virar caçador. Pode ser que...
Gostei deste magnífico poema, com a mesma chancela de sempre; QUALIDADE.
Abraço.
O poema “Passos de Coelho” destaca-se pela argumentação crítica ao poder aliada à má administração pública de um homem que não teme ser responsabilizado por seus atos.
ResponderEliminarAberta a temporada à caça, o prato principal, ou a arma principal, é um cenário de sátira política, onde a poesia não é objeto de uma simples contemplação desinteressada. Uma causa política associada à qualidade literária que combina versos com imagem e encontra na realidade atual um drama de metáforas plausíveis, que, empregada no seu melhor uso, além de comprovar a militância poética d’Alma, torna-se de utilidade pública.
E, que, por sinal, convive bem com a cidadania.
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