quinta-feira, 14 de abril de 2011

O(s) Mentiroso(s)

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Concorrendo-lhe nas veias o vício da batota,
Convenceu verdades e mentiras que encontrou,
Com invencionice que do seu sangue se apropriou,
Circula na falta de vergonha que nunca se esgota,
O sangue contaminado da espécie que o idolatrou,
Enredada culpa em patranhas para evitar a derrota,
Com desfaçatez flexível de uma corrupta cambalhota,
Vestindo, agora, a pele dos carneiros que enganou!

A mentira é uma verdade não encontrada,
Que se esconde nas palavras de um mentiroso,
É compulsiva a lata da vergonha desgovernada,
Deste perigoso doente, por incurável, insidioso,
Pronto para mentir à própria mentira descarada,
Roubando vãs promessas a um povo preguiçoso,
Para lhas devolver em verdades de acto doloso;
São tão generosas suas verdades quando mente,
Confundindo-se naquela toleima sempre crente,
Da desonra comprada com imposto criminoso!...

Há um verme mais decente,
À espera de um cadáver verdadeiro,
Aguardando o seu fiel companheiro,
Um reles corrupto por demais demente,
Que enterrou um iludido País jacente,
Deixando-o sem obra nem dinheiro!...

Porque…
Há cadáveres que pelos vermes lutam,
Entregando-se vivos de corpo inteiro,
Aos vermes que cadáveres disputam?!...
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5 comentários:

  1. fortissimo.
    real.
    até doi ler.
    parabéns pela ousadia.

    um beij

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  2. Malandro,mentiroso,desenvergonhado,vigarista, corrupto e todos os depreciativos que se possam imaginar.
    Que os vermes o comam vivo,por todo o mal que nos fez.
    Só de pensar no animal fico doente.
    Somos humilhados em todo o mundo.

    Mais uma vez adorei a tua forma de escrever.
    Retrato completo e fidedigno.

    Abraço

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  3. Na poética política d’Alma o discurso descreve a realidade à luz da estética e alcança, outra vez, o ser-cidadão, explorando o sistema político deficitário e corrupto de seu país com o poema “O(s) Mentiroso(s)”.

    Um palanque. Um dedo em riste. E o grito que não se contém face ao cenário político português: “Circula na falta de vergonha que nunca se esgota, / O sangue contaminado da espécie que o idolatrou,”. Mais que uma crítica, ou uma poesia num poema, uma didática de cidadania [“Com desfaçatez flexível de uma corrupta cambalhota,”] e a denúncia às boas aparências que omitem as verdadeiras intenções dos oportunistas “Vestindo, agora, a pele dos carneiros que enganou!”.

    A crítica atinge o inter-discurso [“A mentira é uma verdade não encontrada, / Que se esconde na desfaçatez de um mentiroso,”] nos versos que vinculam denúncia à urgência da consciência social ao contexto da ação que se desenrola, ao seu tempo, lugar e cultura dos envolvidos: “São tão generosas suas verdades quando mente, / Confundindo-se naquela toleima sempre crente, / Da desonra comprada com imposto criminoso!...”.

    Na invenção poética d’Alma, o reVErso da ação política no verso reivindicativo “Que enterrou um iludido País jacente, / Deixando-o sem obra nem dinheiro!...”. E a didática, ainda que polêmica e de natureza trágica [“Há sempre um verme em mentirosa disputa, / Mentindo ao cadáver que pelo verme luta?!...”], mas infelizmente necessária.

    ¬

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  4. É isso ai,,,forte,,,honesto,,,o que temos pela vida...tudo faz parte,,,inclusive os mentirosos...abraços de bom final de seana...

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  5. Não gosto de você tão ácido assim...rs


    Mas nem por isso deixa de ganhar meu beijo e meu carinho...

    Saudades...

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