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Todos os dedos da Humanidade são poucos,
Bastando-se num envergonhado resultado final,
Na conta perdida do número de candidatos a Judas,
Descrentes espoliados por pobres crentes loucos,
Vendendo sede em unguentos antigos de fel e sal,
Pérfido néctar servido em acusadoras palavras mudas,
Dogma instituído na sodomia de sagradas fugas,
Forja de cravos peregrinos na cruz sacrificial!...
O Homem!...
Que pelo homem foi atraiçoado,
Pecado eterno que a ignorância corrompeu,
Traição eterna que o Homem não mereceu,
Arrependimento fatal do homem enforcado,
Trinta dinheiros suicidas que o homem pagou,
Ao homem fraco que o Homem atraiçoou,
Traidor amigo, pelo Homem perdoado,
Perdão que sua morte o homem beijou!...
Todo o peso da culpa sobre sua inocência,
Madeiro pesando o sofrimento dos nossos pecados,
Leve pela oferta de Amor aos pecadores perdoados,
Nada pesando na entrega de sua sagrada consciência!...
-Pai!...
Rezou,
-Perdoa-lhes que eles não sabem o que fazem!...
E à Via-sacra se entregou!
Monta-se o espectáculo e cobram-se ingressos,
Entre o Céu e a Terra aposta-se na crueldade dos cravos,
Acreditar na Justiça da bondade é coragem dos bravos,
Exibe-se o sofrimento de Cristo em sorvos de excessos,
Embriagando os pobres espíritos pela maldade possessos,
A entrada é grátis e só à saída se pagam os pecados!...
Pregado na Cruz dos nossos olhos envergonhados,
Ouvimos nossa vergonha em actos de contrição confessos:
-Pai, entrego-me em tuas mãos,
Exalou o Homem Justo perante o olhar fariseu;
-Está tudo consumado!
E com estas Palavras… morreu!...
Lavam as mãos bem cuidadas os Pilatos,
Em escravas bocetas de epístolas sagradas,
Que sangram das jovens mulheres condenadas,
Marcadas pela cruz pesada de funestos actos,
Por corroídos cravos de luxúria penetradas,
Trespassando carne infecta de úteros ingratos,
Oferecidos ao vício de vergonhosos tratos!
Em cada homem há um triste dom,
Vender a Alma aos prazeres do inferno,
Fugindo ao prazer limpo do prazer eterno,
Crucificar a salvação do Homem bom!...
O Homem lá continua sangrando na Cruz,
Crucificado pelos cravos hipócritas de nossa Luz!...
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E será assim até ao final dos tempos...!
ResponderEliminarEste teu poema/texto é impressionante.
ResponderEliminarO modo como descreves todo o trajecto até à cruz e aos cravos martelados e ensanguentados é de uma realidade fantástica.
Tantos Judas que por este mundo navegam e que nunca deixarão de existir...
Gostei imenso
Quero agradecer o carinho deixado no meu Lago. Já estou em franca recuperação. A intervenção correu bem e as forças estão de regresso.
Desejo-te uma feliz Páscoa.
Bjgrande do Lago
Belíssimo!!!!
ResponderEliminarMuitas amêndoas
e
beijinhos
da
Blimunda
Bravo poeta!
ResponderEliminarUm espétaculo para além do tempo,
quase impossível de escrever, mas
escreveu...
Não tenho palavras para tanta beleza! Perdi as palavras quando o li...
E meu pensamento diz :
Meu Deus que coisa linda escreveram a Teu Filho-bem-amado.
por Ti Senhor...apenas por Ti e por
este Homem que escreveu...
Maria luísa
Na beleza do teu poema venho desejar-te uma Feliz Páscoa onde paire a paz e o amor deste tempo de reflexão.
ResponderEliminarObrigada pelo apoio e carinho...Que tão bem sabem
Bjitos da Gota
A ‘Sexta-feira da Paixão’ e o poema “O Homem”. Cristianismo e poesia encontram-se e na criação artística elaboram imagens poéticas que contam a história que é de traição, mas sobretudo de amor, do amor de Cristo por nós, seus filhos.
ResponderEliminarO fazer permanente de REcriar e REinventar a criAÇÃO, provocando a revisão de identidade e conceitos. A poesia estética. O dedo, no combate, denuncia [“Na conta perdida do número de candidatos a Judas, / Descrentes espoliados por pobres crentes loucos,”] e transcende a dinâmica particular para transformar-se em dinâmica coletiva. O discurso poético fiel à realidade histórica e o despertar à verdade e à aventura do conhecimento, que sem d’Alma, não é possível “Dogma instituído na sodomia de sagradas fugas, / Forja de cravos peregrinos na cruz sacrificial!...”.
Homem e homens povoam o uniVerso a lembrar-nos de que Judas traiu Jesus por 30 moedas de prata [“Trinta dinheiros suicidas que o homem pagou,”] e com um beijo o entregou [“Perdão que sua morte o homem beijou!...], para ser perdoado. Um canal. As semelhanças com o estilo e com as imagens do texto bíblico revestem a poesia do conceito cristão. O cálice: “Exibe-se o sofrimento de Cristo em sorvos de excessos, / Embriagando os pobres espíritos pela maldade possessos,”. A moral: [“Monta-se o espectáculo e cobram-se ingressos, / A entrada é grátis e só à saída se pagam os pecados!...”]. Somos livres para pecar ou não pecar, mas somos igualmente responsáveis por nossas escolhas.
E a história continua nos versos que cobrem-nos de vergonha [“Marcadas pela cruz pesada de funestos actos, / Ouvimos nossa vergonha em actos de contrição confessos:”]. Nenhum contrário. Nenhum disfarce. E mesmo se fosse a intenção poética, o ato de esconder diVerso é revelador [“Crucificar a salvação do Homem bom!...”].
E fatal “O Homem lá continua sangrando na Cruz, /Crucificado pelos cravos hipócritas de nossa Luz!....” à consciência que aponta, não erros, mas a liberdade de nossas convicções, no fazer, ou não fazer, dessa liberdade, uma consciência crítica à mensagem que é, sem dúvida, uma das belas do uniVerso d'Alma.
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Belissimo,,,tempos e tempos passarão e tudo será assim,,,abraços fraternos de bom dia...
ResponderEliminarBoa Pascoa a voce e todos os seus...abraços.
ResponderEliminarA Paixão de Cristo escrita em versos que sangram poesia.
ResponderEliminar... entretanto em Abril
ResponderEliminardespontam cravos ...
que são flores
pétalas que voam
e sonham por bem
Abraço poeta
Meu caro amigo, POETA;
ResponderEliminarMais um ENORME poema, de uma grandeza poética sublime.
Parabéns por tão magnificente poesia.
Um abraço.
Hoje li completamente desperta o seu comentário no meu Blogue "A Luz A Sombra", e digo-lhe que mantenho o que disse ontem.
ResponderEliminarDou razão a António Damásio, o que pode não acontecer com a maioria de quem o lê.
Posso "o filme é nosso e só nosso...", somos o público exclusivo da nossa mente. Podemos alterar momento a momento... para os "outros", mas nunca para nós.
E á medidad que o tempo passa podemos alterar o futuro que, por vezes sabemos de antemão não será risonho. Só o nosso... nunca o dos outros.
Posso estar errada ara si... não para mim!
Boa Páscoa
uma maneira de descrever a paixao de Cristo em forma de poema.
ResponderEliminarinovador sem duvida.
uma boa páscoa e um
beij