segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vespa


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Há muita cinta fina,
No papelão do vespeiro,
Volátil verdade no nevoeiro,
Volúvel vespa de dúvida divina,
Envolta por uma diáfana neblina,
Que envolve o corpo verdadeiro!...

Nessa luz de opaca cintura,
Esconde um malogro passageiro,
Fechando os olhos com difusa loucura,
Acumulada na transparente gordura,
Do doentio julgamento sobranceiro,
Obeso julgar de tão pantomineiro,
Infeliz por tamanha agrura!...

Ela é um ele que se mistura,
 No ele de ser ela sem o ser,
Falsa medida de uma figura,
Esmagada sob a sua tortura,
Que mais do que o parecer,
É o nada que a vai suceder,
No vazio de sua ventura!...

Uma picada é desgosto enorme,
É inchaço certo sobejo de fartura,
Encoberto pela verdade disforme!...


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4 comentários:

  1. ...e, nessa luz de cintura fina, d'um ele que se disfarça, obeso d'uma ela com-medida, eis a verdade esmagadora figurante daquilo que não É!

    Um Beijinho
    da
    Assiria

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  2. Interessante o poema,,,,gostei da gordinha...rs..rs..abraços de bom dia pra ti amigo...

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  3. “Vespa’ figura o uniVerso no poema de pluralidade conceitual e de aparência crítica e reflexiva, nos versos repletos de efeitos expressivos, próprios da linguagem d’Alma.

    O recurso poético é impactante, um desafio à imaginação. Novamente a cadeia alimentar DiVersa quebra a rotina, a leitura instiga e apaixona. A face de consciência moral nos versos transparentes [“Há muita cinta fina, / No papelão do vespeiro,”] e o mundo de beleza aparente [“Que envolve o corpo verdadeiro!...”] concentram o olhar à prevalência da ética.

    A imagem turva [“Nessa luz de opaca cintura”] constitui um meio sombrio à lucidez e um padrão consciente [“Esconde um malogro passageiro, / Fechando os olhos com difusa loucura,”], confirmado pela complexidade das rimas [“cintura / loucura / gordura / agrura!... / passageiro / sobranceiro / pantomineiro”] e em conformidade com a relação causa X efeito. Versos não inversos.

    Entre a arte e a poesia, o elo da seriedade na temática. A função crítica consiste na premeditação da identidade de gêneros que se expressa de acordo com a conveniência [“Ela é um ele que se mistura, / No ele de ser ela sem o ser,”]. A diferença não é um fator atenuante à desigualdade, razão pela qual não ocorre a marginalização ao comportamento particular, mas sim, à imagem que reflete a intenção oportunista de camuflar a realidade: “Falsa medida de uma figura,”. A serenidade. O saber e suas consequências [“É o nada que o vai suceder, / No vazio de sua ventura!...”].

    À poesia, não basta escrever versos. O contexto literário exige técnica, sensibilidade e criatividade. Experiência. A poética d’Alma favorece a reflexão [“Uma picada é desgosto enorme,”]. Promove discussões [“É inchaço certo sobejo de fartura,]. E comove [“Encoberto numa verdade disforme!...”].

    Se lenda ou realidade, ou talvez uma fábula, não saberemos. Fato é a lição de vida que fica: a beleza, quando não se restringe à aparência, é a transparência da realidade. Temos à nossa disposição o poder de escolha. Ou não. Ainda assim, não deixa de ser uma escolha.

    ¬

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  4. A ilusão... e a hipocrisia de ser quem não somos. Um ferrão. E morte certa.

    Feliz Páscoa.

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